Estas afirmações constam da sua obra “História a História – África”, a publicar no próximo dia 23, pela Tinta da China, que “condensa décadas de investigação e compõe um grande fresco sobre a época mais conturbada do século XX português”, afirma a editora.

Fernando Rosas, professor catedrático jubilado de História pela Universidade Nova de Lisboa, afirma que a presença portuguesa nos territórios africanos foi antes “ocupação e sujeição das populações africanas” e rejeita a “narrativa legitimadora da continuidade do colonialismo português em África”.

O livro surge na sequência da série televisiva de sua autoria e por si apresentada, exibida na RTP 2 e RTP África. Como escreve Rosas, “este livro corresponde à transposição da narrativa oral para a linguagem escrita da apresentação da série televisiva ‘História a História — África’”.

“Tratou se de adaptar a oralidade de um guião da autoria do apresentador à letra de forma. Mas não deixa por isso de constituir uma obra de divulgação que se procurou dotar do apoio das anotações consideradas rigorosamente indispensáveis à certificação de citações diretas ou como suportes úteis de leitura”, explica Rosas.

A série e a obra surgem “no decurso desse debate surdo, por vezes enroupado em solenes intervenções de altos responsáveis do Estado, outras vezes com aflorações de debate público entre estudiosos, frequentemente como registo subliminar aos comportamentos do dia-a-dia, acerca da alegada excecionalidade luso tropicalista do colonialismo português”.

O historiador apresenta argumentos para procurar derrubar alguns mitos dessa “excecionalidade luso tropicalista do colonialismo português”, designadamente o “da longa pax imperial portuguesa em África só inopinada e malevolamente interrompida por subversão e intriga externa, aliás, na origem da guerra colonial desencadeada em 1961”, porém, “em perto de cem anos de ciclo africano do império, mais de 50 foram consumidos em guerras de ocupação e sujeição das populações africanas”.

Outro, o “comum ao discurso de praticamente todos os regimes coloniais europeus, há que dizê-lo, é o da sua excecionalidade cosmopolita, o do colonialismo ‘de rosto humano’, o da sua temperança cristã” e que serviu o “tripé político e social que foram a discriminação jurídica e racial do Estatuto do Indígena, o trabalho forçado ou uma política de terras expropriadora em favor da ocupação branca”.

“As conhecidas reformas de 1961, apressadas pelo estalar da guerra em Angola, não impediram que muitas destas realidades se prolongassem até 1974”, afirma Fernando Rosas, referindo que a série televisiva “procurou, com rigor de suporte documental vário, abordar tais problemas”.

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