É coisa estranha. Depois de semanas de propaganda contínua, de permanente atenção mediática, de debates, comícios, arruadas e ações de campanha, a poeira assentou e das eleições legislativas parece que só ficaram os cartazes com promessas e palavras de ordem — muitas delas que nos parecem francamente ridículas, agora que os votos foram contados. Mas não, até porque a Assembleia da República ainda não se encontra completa.

A verdade é que o país seguiu em frente com a certeza de que voltará a ser governado pelo PS, mas as eleições ainda não acabaram. Amanhã, sim, é o derradeiro dia do nosso plebiscito, pois é quando se saberá quem são os quatro deputados a serem eleitos pelos círculos da emigração. Até ao final do dia, o Pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa, será o espaço onde vão ser contados os votos que traduzem a vontade da diáspora portuguesa.

Ou seja, para já, só há 226 nomes que sabemos poderem tomar efetivamente parte do hemiciclo. Um deles, em estreia absoluta em São Bento, é João Cotrim de Figueiredo, eleito pela Iniciativa Liberal. Foi dos seus planos que falou a Isabel Tavares numa entrevista que pode ler aqui.

Só que, apesar de ainda o Parlamento não estar composto, já António Costa está se adiantou a preparar um novo executivo com que irá governar — espera-se — até 2023.

É por isso que o primeiro-ministro apresentou a sua lista a Marcelo Rebelo de Sousa, numa reunião antecipada para hoje pelo facto de ir tomar parte num Conselho Europeu reunido extraordinariamente à conta do Brexit, nos dias 17 e 18.

Eu sei que vou receber o primeiro-ministro como recebo todas as semanas, não sei mais nada”, foi a reação o Presidente da República à pergunta se o tema “governo” seria discutido, mas a verdade é que a lista acabou mesmo por ser publicada.

Os rumores foram-se sucedendo ao longo da tarde e alguns vieram a comprovar-se, outros não.

Sabia-se que haveria novas caras e essa previsão revelou-se acertada. São cinco os novos ministros: Ana Mendes Godinho (Trabalho, Solidariedade e Segurança Social), Maria do Céu Albuquerque (Agricultura), Ricardo Serrão Santos (Mar), Ana Abrunhosa (Coesão Territorial) e Alexandra Leitão (Modernização do Estado e da Administração Pública).

Assim, confirmam-se as retiradas de Vieira da Silva (Trabalho, Solidariedade e Segurança Social), Ana Paula Vitorino (Mar) e Capoulas Santos (Agricultura) e a permanência de nomes que se julgavam estar de saída, como Francisca Van Dunem (Justiça) e Manuel Heitor (Ciência, Tecnologia e Ensino Superior).

Outra novidade é a apresentação de Pedro Siza Vieira (Economia), Augusto Santos Silva (Negócios Estrangeiros), Mariana Vieira da Silva (Presidência) e Mário Centeno (Finanças) enquanto ministros de Estado, acumulando esta função com as suas pastas naquilo que constitui "um reforço do núcleo central" do executivo.

Amanhã é também quando se inicia o Festival MaMa, que junta 6.000 profissionais da música na Paris de França e conta com mais de 120 concertos, sendo que esta edição vai ter o mercado musical português em destaque.

Não só a “cidade das luzes” vai contar com a presença de artistas e bandas nacionais como  Pongo, Best Youth, PAUS, Pedro Mafama e Venga Venga, como também da “nossa” Rita Sousa Vieira, que vai estar também a participar.

Mas a cultura não se faz apenas lá fora. Se estiver no Porto, amanhã começa a 5ª edição do Queer Porto - Festival Internacional de Cinema Queer. Género, orientação sexual, identidades ou corpos vão ser as questões debatidas sob um filtro LGBT através de filmes exibidos até dia 20 no Teatro Rivoli, no Maus Hábitos e na Reitoria da Universidade do Porto.

Para além desta sugestão fique com outra que vou extrapolar a partir de uma citação de Oscar Wilde, escritor que amanhã faria 165 anos, imortal nas palavras mas não na carne. “Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.”