As autoridades francesas esperam há praticamente um ano pela ajuda de Rui Pinto e em causa estão investigações que têm por base documentos que o denunciante pirateou. Porém, a decisão de ajudar ou não, não depende só do português: para este ajudar os inspetores franceses é preciso que o Ministério Público nacional dê "luz verde" para tal. E tal ainda não se verificou.
A notícia é avançada na edição de hoje do jornal Público. De acordo com o diário, a decisão pretende-se com o facto de as autoridades francesas terem copiado conteúdos dos discos rígidos de Rui Pinto em Budapeste às escondidas dos investigadores portugueses em 2019 por alturas da sua detenção — facto que as autoridades só descobriram já durante o julgamento em Portugal.
Mais concretamente, a crispação deve-se ao facto de que entre a detenção de Rui Pinto em Budapeste e a sua extradição para Portugal — uma janela temporal de dois meses — as autoridades francesas viajaram até à Hungria e, além de acederam aos discos rígidos do pirata informático, copiaram todos os ficheiros — sem que a Polícia Judiciária tivesse qualquer conhecimento desta ação, além de ficar na ignorância de que haviam comunicações entre franceses e húngaros (de modo a terem este acesso às provas). Ou seja, a atitude das autoridades nacionais serve como retaliação por esta atitude.
O Público frisa que a 9 de setembro do ano passado um procurador francês enviou um e-mail ao Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) em que eram solicitadas as passwords dos discos rígidos. A razão? Em 2019, Rui Pinto tornou-se numa testemunha-chave de uma investigação de grande dimensão em França ao revelar documentos importantes com potenciais provas de crimes financeiros, económicos e desportivos praticados em múltiplos países — só que as autoridades não conseguem aceder aos mesmos sem a sua ajuda.
A palavra final será do MP português, mas Rui Pinto está "disponível" para a ajudar os franceses, segundo o seu advogado.
O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 7 de agosto, "devido à sua colaboração" com a Polícia Judiciária e ao seu "sentido crítico", mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.
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