Duas semanas depois do voto negativo do PE a Goulard, a presidência francesa anunciou que propôs o nome de Breton à presidente eleita da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Macron e Von der Leyen “chegaram a acordo em relação a este perfil depois de uma discussão prévia”, disse fonte da presidência à France-Presse, sublinhando que, se este nome é proposto, “é porque é adequado”.

Breton foi ministro da Economia de França (2005-2007), durante a presidência de Jacques Chirac, e dirige desde 2009 a companhia de tecnologias de informação francesa ATOS.

Objeto de um inquérito judicial em França, Sylvie Goulard recebeu parecer negativo do PE por razões éticas, depois de recusar apresentar a demissão do cargo de comissária europeia se vier a ser acusada no processo dos empregos fictícios de assistentes do seu partido na assembleia europeia.

O ‘chumbo’ de Goulard foi o primeiro de um candidato designado pela França desde que as audições dos candidatos ao executivo comunitário tiveram início, em 1995.

Breton é indicado para a mesma ampla pasta que Goulard – que abrange política industrial, mercado interno, digital, defesa e espaço -, algo que Macron considerou “o mais importante”.

“Thierry Breton tem competências sólidas nos domínios abrangidos por esta pasta, em particular a indústria e o digital, uma vez que foi ministro da Economia com a tutela da Indústria, e CEO [diretor executivo] de grandes grupos industriais [Thomson, France Télécom, ATOS], beneficiando de uma reputação sólida de homem de ação”, destacou a fonte presidencial.

“É também um europeu convicto, que dirigiu vários projetos franco-alemães”, disse ainda.

O candidato a comissário já trabalhou com Ursula von der Leyen, na criação de um fundo europeu de defesa e segurança.

Além da França, também Roménia e Hungria viram os seus candidatos a comissários rejeitados, o que levou ao adiamento da entrada em funções da nova Comissão para 01 de dezembro.

A escolha de um empresário de grandes grupos comporta alguns riscos de conflitos de interesse, tanto mais que o grupo ATOS é fornecedor de serviços informáticos para a União Europeia, o que já foi apontado por vários políticos em França.