A azáfama reinava esta manhã no segundo maior aeroporto da capital francesa. Entre quem tenta chegar aos destinos de férias depois de quase dois anos de pandemia e uma greve dos trabalhadores dos aeroportos de Paris, poucos tinham um minuto para falar aos jornalistas.
"Não tenho tempo, temos agora o voo", disse Carlos, que passados dois anos vai voltar ao Porto com o neto Raphael, à agência Lusa.
Carlos é emigrante em França há vários anos e está "contente" por poder voltar a Portugal, apesar da manhã agitada. Quanto à forma de viajar, estando vacinado, conseguiu fazer o passe sanitário europeu e disse que "é um processo simples".
Até agora, em França, uma aplicação, a #TousAntiCovid, guardava os certificados de teste e vacinação através de código QR, mas com a entrada em vigor do passe sanitário europeu, quem quer ter o seu certificado no telemóvel, tem de transferir através da sua conta de utente de saúde o código para o novo passe sanitário europeu.
O número de pessoas que acedeu na véspera ao site para os utentes de saúde franceses acabou por entupir o site e ter também um impacto na campanha de vacinação, já que estes sistemas estão ligados.
No entanto, Safyia vai partir para Marrocos, com escala em Lisboa, só com o seu certificado de vacinação em papel.
"Há uma vacina e é uma doença que se apanha, infelizmente, muito facilmente. É o meio mais eficaz para nos protegermos e para protegermos os outros. É importante limitarmos as transmissões e as formas graves da doença", disse esta professora universitária, que parte após dois anos sem férias no estrangeiro, mostrando o papel que vai apresentar para passar nos aeroportos de Lisboa, onde fará escala para chegar a Casablanca.
Já Candice, de 22 anos, não conseguiu vacinar-se completamente antes de partir para Barcelona, mas fez um teste PCR para poder viajar. A jovem francesa preencheu um inquérito online, mas não tem o passe sanitário europeu.
Para quem viaja dentro da França, como Fréderic, nem foi preciso apresentar nada.
"Cheguei esta manhã de Perpignan e ninguém me pediu nem passe nem teste nenhum. É uma viagem que faço com alguma frequência devido ao trabalho e nunca me pedem nada", disse o empresário, de 42 anos, ao chegar à capital.
Sem planos de viajar para o estrangeiro, Fréderic não prevê utilizar de todo o passe sanitário europeu.
Obter este documento também não foi uma prioridade para Stéphanie que hoje de manhã parte para a Guadalupe, um território ultramarino francês.
Como não está ainda completamente vacinada, esta francesa parte com um teste PCR negativo e obrigatoriedade de fazer uma quarentena de sete dias quando lá chegar, o que alargou o período da viagem de trabalho para 15 dias.
"Penso que a situação sanitária está estável como aqui, o pior é a Guiana", explicou.
Mesmo com a variante Delta a ameaçar o país, os números em França continuam baixos, uma realidade que Stéphanie pensa que se vai manter no verão, mas pode mudar a partir de setembro.
"Agora é verão, está tudo bem. Mas em setembro, não sabemos, ainda por cima com esta nova variante. Tudo é incerto", concluiu.
[Catarina Falcão, da agência Lusa]
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