Segundo o El País, as freiras arrendaram o restaurante do hotel La Ribera del Chicu por 1.600 euros por mês, que agora vão transformar no primeiro "restaurante de clausura" de Espanha.

O menu terá uma combinação de pratos tradicionais asturianos e de receitas das Clarissas, incluindo os doces, muffins e chocolates que já preparavam em Belorado, de onde tiveram de sair.

Esta é uma solução temporária para os seus problemas económicos e de residência, já que vão ficar hospedadas no hotel.

De acordo com o jornal espanhol, as ex-clarissimas enfatizaram que são “freiras empreendedoras, mulheres carismáticas e com iniciativa, conhecidas por serem inovadoras e que nunca cessaram o seu espírito criativo e empreendedor”.

Em junho de 2024, o arcebispo da cidade espanhola de Burgos pediu a dez freiras clarissas excomungadas e em rebelião aberta contra o Vaticano que deixassem o seu convento.

"Dada a excomunhão e a expulsão da vida consagrada, as dez freiras não têm nenhum título legal para permanecer nos mosteiros e edifícios anexos, portanto terão de deixá-los", disse D. Mario Iceta numa conferência de imprensa.

As dez irmãs viviam no convento de Santa Clara na cidade de Belorado, um local do século XV no coração de um povoado de 1.800 habitantes a 50 quilómetros de Burgos.

As religiosas decidiram em meados de maio do ano passado abandonar a Igreja e colocar-se sob a autoridade de um sacerdote excomungado, Pablo de Rojas Sánchez-Franco.

O assunto eclodiu num contexto de disputa pela propriedade e acusações de pertença a uma seita.

Fundador da "Pia União de São Paulo Apóstolo", Pablo de Rojas Sánchez-Franco foi excomungado da Igreja Católica em 2019 e afirma pertencer ao "sedevacantismo", movimento que considera hereges todos os papas que sucederam Pio XII (1939-1958).

Foi a anulação da compra de um convento no País Basco espanhol que desencadeou o conflito. Em 2020, as freiras chegaram a um acordo com o bispado vizinho de Vitória para comprar o convento de Orduña, mas a venda acabou por fracassar. A transação foi "bloqueada por Roma", disseram as religiosas, que também afirmam ser perseguidas pela sua hierarquia.