Normalmente a passagem entre a Venezuela e o Brasil é fechada à noite e reabre por volta das 07:00 em Roraima (11:00 em Lisboa) do dia seguinte, o que não aconteceu hoje de manhã, segundo informações divulgadas pelo portal de notícias G1.
Em Pacaraima, cidade que fica do lado brasileiro da fronteira, foi possível observar venezuelanos usando uma rota alternativa para entrar a pé no Brasil, segundo relatos de repórteres do G1 que estão no local.
Segundo as mesmas fontes, quem tentou entrar na Venezuela não conseguiu autorização de militares do país vizinho.
Na quinta-feira, Nicolás Maduro ordenou o encerramento das passagens de fronteira da Venezuela com o Brasil, admitindo fazer o mesmo na fronteira com a Colômbia.
“Decidi (que) no sul da Venezuela (…) a partir das 20:00 de hoje (00:00 de sexta-feira em Lisboa) (…) fica encerrada total e absolutamente, até nova ordem, a fronteira terrestre com o Brasil”, anunciou Maduro, numa reunião com militares no forte Tiuna de Caracas, o maior quartel do país.
Horas depois, o autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, ordenou que se mantenha aberta a fronteira com o Brasil.
Num “decreto presidencial”, divulgado na sua conta oficial do Twitter, Guaidó pede aos “órgãos do poder público responsáveis pelos assuntos em questão” que executem o necessário “para manter aberta a fronteira com o país irmão”.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um Governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceu Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já 40 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou mais de 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
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