Da primeira comunicação especial de Vítor Gomes, jovem com Esclerose Lateral Amiotrófica, para o jornalista Rodrigo Guedes de Carvalho, pivot da SIC, em 2003, através de uma tecnologia que dava voz ao que o primeiro escrevia no teclado, à possibilidade, nos dias de hoje, de Diogo Gonçalves, com paralisia cerebral, falar através da MagicContact, uma app desenvolvida para smartphones e que permite a comunicação de e entre pessoas com deficiência, distam 20 anos.

Colocar a tecnologia ao serviço de quem mais necessita é o mote que liga estas duas comunicações, e a Fundação Altice (antiga Fundação Portugal Telecom) foi e é o fio condutor ao longo das duas décadas. A efeméride foi celebrada esta quarta-feira numa viagem pelo passado e num olhar para o que aí vem.

Ana Figueiredo, CEO da Altice Portugal, recuou no tempo para apresentar o trabalho realizado pela Fundação ao longo dos últimos 20 anos e o impacto tido. Da Teleaula (para integração de alunos com necessidades educativas, deficiência ou doença prolongada), “a primeira experiência de escola remota, base usada posteriormente durante a pandemia”, à criação da “plataforma Babycare”, sistema de acompanhamento de bebés em incubadoras, passando pela “Mediagraf e a telemedicina, que viria a ser espalhada aos PALOP’s”, ou o Programa Comunicar em Segurança e “o uso responsável da Internet, numa ação que decorreu nas escolas”, enumerou. A par, mencionou o “novo boost dado às cabines telefónicas, com a criação das micro-bibliotecas, o Audiozapping, para permitir acesso à comunicação por pessoas com deficiências, e a Khan Academy, uma plataforma de ensino gratuito, além do Programa Inclui.

Todavia, foi com os olhos postos no que está por vir que a Fundação Altice anunciou um investimento de 20 milhões de euros nos próximos cinco anos, direcionado a três áreas: conhecimento, tecnologia e arte.

Este valor será direcionado para "projetos pioneiros", que visam contribuir para "um futuro mais diverso, mais igual e inclusivo", salientou a presidente-executiva da Altice Portugal, Ana Figueiredo.

A CEO da empresa dona da MEO citou exemplos do que está em cima da mesa: o “Hábil” - estimulação cognitiva para crianças em idade pré-escolar - , a app LGP - tradução automática de texto para Língua Gestual Portuguesa -, e a app Mobilidade - um protótipo para facilitar a vida a pessoas com deficiência no acesso a transportes públicos ou lojas.

Fundação Altice: Ninguém fica para trás

“A integração na sociedade de pessoas com incapacidade, a acessibilidade ao conhecimento e a proteção e desenvolvimento do património cultural e artístico da Fundação", são os objetivos estratégicos da Fundação Altice, lê-se numa nota de imprensa.

Apostada em trabalhar onde outros não trabalhavam, por força da tecnologia e inovação, a Fundação continua a procurar “fazer a diferença” e quer “liderar a transformação tecnológica e digital através da inovação”, salientou Ana Figueiredo.

O objetivo da instituição, através da “tecnologia, conhecimento e arte”, é não “deixar ninguém para trás” e “ajudar os que mais precisam”, referiu igualmente Alexandre Fonseca, Co-CEO do Grupo Altice. O gestor socorreu-se de números. Desde a sua criação, em 2017, a Fundação conta com "mais de três milhões e 200 mil beneficiários e 4600 entidades foram impactadas pela atuação da Fundação", mencionou.

O também presidente da Fundação Altice alertou ainda para o risco de “infoexclusão” em virtude da “falta de capacitação das pessoas” e anunciou o prémio “Norberto Fernandes”, nome do primeiro administrador da Fundação, um prémio ligado às artes.

No campo artístico, a Fundação Altice vai promover a arte contemporânea nacional e zelar pelo património artístico e cultural da Altice através do Espaço Coleção e do Espaço arte e tecnologia.

O espaço (no Fórum Picoas, em Lisboa) transformar-se-á no território de exposição do espólio (de cerca de 200 obras) que a Fundação tem vindo a reunir desde 1997, englobando obras de escultura, pintura, instalação, desenho, vídeo ou gravura de alguns dos artistas mais relevantes da atualidade.

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