A Geórgia anunciou esta quinta-feira, dia 9,  a retirada de uma polémica lei sobre "agentes estrangeiros" que provocou grandes protestos no país do Cáucaso nos últimos dias.

"Como partido governante responsável por cada membro da sociedade, decidimos retirar de maneira incondicional o projeto de lei que apoiávamos", afirmou o partido Sonho Georgiano em comunicado.

O anúncio aconteceu depois da segunda noite consecutiva de grandes manifestações na capital, Tbilisi. A polícia usou gás lacrimogéneo e jatos de água para dispersar dezenas de milhares de pessoas reunidas perto do Parlamento.

Os protestos começaram após a aprovação, na terça-feira numa primeira votação, de um projeto de lei que obrigava as organizações da Georgia que recebessem mais de 20% de suas receitas do exterior a registrarem-se como "agentes estrangeiros", sob pena de sanções.

Para os críticos do projeto, o texto era inspirado em uma lei similar aprovada na Rússia em 2012 que conseguiu calar os opositores, a imprensa independente e as organizações de defesa dos direitos humanos.

No comunicado, o partido Sonho Georgiano afirma que a lei "foi apresentada de forma distorcida e enganosa” e explica que iniciará consultas públicas para "explicar melhor" o objetivo do texto.

O partido não descarta por completo o regresso do projeto ao Parlamento.

A delegação da União Europeia na Geórgia celebrou o anúncio de retirada do texto.

Importa lembrar que a ex-república soviética deseja integrar a União Europeia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO). Mas as aspirações são abaladas por várias medidas aprovadas pelo governo, que também provocam dúvidas sobre os vínculos do país com a Rússia.