“Quanto à ida para a Roménia [de militares portugueses] está atualmente em curso o processo de aprontamento, já existem militares portugueses na Roménia para trabalhar com os militares romenos, para tratar de questões logísticas, e a companhia [de 174 militares]seguirá dentro das próximas semanas, final de março, início de abril”, afirmou João Gomes Cravinho.

O ministro falava no final de uma reunião extraordinária da comissão parlamentar de Defesa, que decorreu hoje na Assembleia da República à porta fechada, sobre a situação de conflito entre a Ucrânia e a Rússia, na qual também participou o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, almirante Silva Ribeiro.

Estes militares, sublinhou o ministro, “irão estar colocados no sul da Roménia e portanto não estão imediatamente próximos da fronteira com a Ucrânia”, exercendo, no entanto, "um papel muito importante de reforço da capacidade de dissuasão da NATO".

"O grande valor da NATO reside no seu famoso artigo 5.º, a ideia de que um ataque contra um é um ataque contra todos , isto é materializado através da colocação de forças de dissuasão nos diferentes países da NATO", sustentou.

Questionado sobre as opiniões que ouviu dos deputados nesta reunião, Gomes Cravinho disse ter sentido “um grande apoio, uma grande convergência, da esquerda à direita em torno do que tem sido a posição do Governo” no contexto do conflito entre a Ucrânia e a Rússia.

“Ao longo de duas horas não recebi nenhuma critica às posições assumidas pelo governo português. É muito satisfatório saber que num país democrático como é o nosso diverso como é o nosso sabemos estar unidos quando estão em causa questões essenciais”, disse.

O ministro foi também interrogado sobre a convocação pelo Presidente da República do Conselho de Estado na próxima semana, dia 14 de março, que será sobre a situação na Ucrânia, dizendo que “não há neste momento nenhuma tomada de decisão para medidas para além daquelas que são conhecidas”, mas ressalvando que “a situação é dinâmica e pode vir a alterar-se”.

Gomes Cravinho referiu que “há material militar português a caminho da Ucrânia” e que para já não está previsto nenhum reforço, não adiantando mais pormenores por uma questão de “delicadeza operacional”, mostrando-se apenas confiante que o material “chegará às mãos de quem precisa”.

Questionado sobre se instalações militares serão disponibilizadas para acolher refugiados ucranianos, Cravinho respondeu que para já não há essa previsão mas sublinhou que as Forças Armadas, nomeadamente durante a pandemia da covid-19, demonstraram “capacidade e disponibilidade para receber fluxos de pessoas necessitadas se necessário”.

“A nossa expectativa é que os ucranianos que cheguem a Portugal sejam distribuídos pelo país, que sejam integrados juntamente com outras comunidades ucranianas já existentes em Portugal, eventualmente familiares, amigos, conhecidos de pessoas que venham a procurar refúgio aqui em Portugal”, disse.

Portugal vai contribuir com entre oito e 10 milhões de euros para o pacote europeu que visa fornecer armas ao exército ucraniano, que combate a invasão russa. Será também enviado equipamento militar para a Ucrânia a pedido das autoridades de Kiev.

No âmbito da missão da NATO "Tailored Forward Presence", Portugal vai enviar de 174 militares para a Roménia, país que faz fronteira com a Ucrânia. Esta missão da NATO visa contribuir "para a dissuasão e defesa da Aliança no seu flanco sudeste", de acordo com o "site" do Estado-Maior-General das Forças Armadas.

O plano das Forças Nacionais Destacadas para 2022 previa o envio deste contingente no segundo semestre, tal como aconteceu em 2021. Contudo, o Governo decidiu antecipar este calendário e os militares portugueses deverão chegar à Roménia nas próximas semanas.