![Gouveia e Melo:](/assets/img/blank.png)
Gouveia e Melo, que coordenou a extinta ‘task-force’, responsável pelo processo de vacinação contra a covid-19 que culminou com cerca 85% da população portuguesa inoculada em setembro, falava no salão nobre da Assembleia Legislativa da Madeira, no Funchal, no âmbito do ciclo de conferências Parlamento Com Causas.
Para o vice-almirante, "a vacina tem de ser considerada na proteção individual, da família e da comunidade" e são estes "três fatores" que permitem proteger a população, já que "não podemos só pensar no indivíduo, não vivemos isolados em sociedade".
Questionado sobre a vacinação de crianças entre os 5 e os 11 anos, deu apenas um exemplo aos jornalistas. "Imagine que, numa pandemia, precisa de vacinar 100% da população para combater a pandemia. Como é que vai fazer? Não vai vacinar 100% da população? Não estou a dizer que seja necessário, só estou a pôr como hipotético", apontou.
Sobre o elevado número de casos de covid-19 que existem à data, Gouveia e Melo frisou que a teoria da vacinação para combate à pandemia"continua super válida", pensando no número de infeções e mortes que existiam "há um ano, quando ainda não existia vacina".
"Com a incidência que temos hoje, as mortes eram muito superiores às que temos atualmente. Com uma incidência muito superior temos mortes num determinado patamar e isso só se deve à vacina. Se não tivéssemos a vacina isto era uma desgraça, e não é, porque a população está vacinada", afirmou.
Todavia, Gouveia e Melo alertou que "ninguém pode estar tranquilo" com a situação vivida em Portugal, já que "temos de ter todos cuidados", mas garantiu estar "muito mais tranquilo" relativamente há um ano e quanto a "países que têm vacinações inferiores às nossas".
“O que está em causa agora é saber se com a [variante] ómicron precisamos de passar dos 86% de vacinação completa ou não”, disse, sublinhando que os responsáveis devem decidir com base nos indicadores do país e não de outros.
E reforçou: “Um bom decisor pensa sobre o terreno que está a pisar e não sobre o terreno que outros estão a pisar.”
O vice-almirante advertiu que a “pandemia vai continuar”, tendo em conta que uma grande parte da população da Europa e do mundo não está vacinada, e alertou para o aparecimento de novas variantes do SARS-CoV-2, como a ómicron, em regiões do planeta onde a taxa de vacinação é muito baixa, como África.
Gouveia e Melo disse haver duas razões determinantes para vacinar toda a população do planeta: uma é ética e moral, outra é prática.
“O vírus vinga-se de nós. Faz efeito bumerangue. Vai aproveitar regiões não vacinadas para se replicar em formas diferentes para nos voltar a atacar”, alertou, sublinhando que agora começa a infetar crianças e pessoas não vacinadas.
“Por isso, isto é uma guerra”, disse ainda, reforçando: “Não há soluções simples, mas nós temos de combater este vírus para ganharmos a nossa liberdade e a capacidade de vivermos em sociedade.”
O ex-coordenador da ‘task-force’ não apontou para a vacinação em faixas etárias específicas, mas sublinhou que os responsáveis devem “acreditar” nos indicadores e nos dados do país e decidir com base nos mesmos.
“Temos de ter capacidade de decidir por nós com os nossos indicadores e nós temos capacidade para fazê-lo. Não podemos ter medo de o fazer. A liderança aí tem de ser 100% assertiva”, disse, realçando que “não adianta” adotar soluções de países que “estão mais atrasados” no processo de vacinação, como é o caso da Alemanha.
(Notícia atualizada às 20h02)
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