A 16 dias das eleições, o governo argentino decidiu romper diplomaticamente com o regime de Nicolás Maduro, que já não reconhece desde janeiro, quando aceitou a proclamação de Juan Guaidó como presidente interino, a exemplo de outros 50 países.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Argentina, Jorge Faurie, concedeu nesta sexta-feira plena representação como embaixadora da Venezuela na Argentina à Elisa Trotta, enviada de Juan Guaidó.

“O Governo argentino reconhece Elisa Trotta como a legítima titular da Representação da República Bolivariana da Venezuela no nosso país”, anunciou numa nota diplomática o ministro Jorge Faurie, depois de receber o ‘agrément’ de Trotta.

“A embaixadora Trotta representa, para todos os venezuelanos residentes no nosso país, a autoridade máxima da Venezuela na Argentina, quem, também dará assistência em todas as questões consulares”, esclareceu Faurie.

Ao mesmo tempo em que concedeu à agora embaixadora Elisa Trotta plenos poderes para exercer tramitações migratórias, o governo argentino vai desconhecer os diplomatas venezuelanos designados por Nicolás Maduro cujos vistos de trabalho no país estão vencidos.

Pelas regras de reciprocidade da Diplomacia, a resposta de Nicolás Maduro pode ser a expulsão do adido de Negócios argentino em Caracas, Eduardo Porreti.

A decisão argentina foi acertada com o Grupo de Lima, liderado por Argentina, Brasil e Colômbia, o mesmo do qual o candidato de Cristina Kirchner, Alberto Fernández, disse que retirará a Argentina.

Nesta semana, Alberto Fernández anunciou que a Argentina abandonará o Grupo de Lima e que adotará uma estratégia conciliadora junto ao México e ao Uruguai, sugerindo uma adesão ao Grupo de Contacto Internacional.

“A neutralidade é cumplicidade” acusou o MNE argentino.

No plano interno, a decisão do Presidente Mauricio Macri busca, assim, encurralar Alberto Fernández com quem terá um debate eleitoral televisivo no domingo.

“O assunto certamente estará no centro do debate porque um dos temas será a política externa argentina e porque a Venezuela é o divisor de águas nessa matéria entre os dois candidatos. A questão é saber se Macri pode tomar sozinho essa decisão sem passar pelo Parlamento”, avaliou o cientista político, Sergio Berensztein.

Fernández nega-se a classificar o regime de Nicolás Maduro como uma ditadura enquanto Macri foi o pioneiro na região em acusar Maduro de ditador e de pedir pela liberdade dos presos políticos.