"Portugal, por causa das preocupações que tem com a população portuguesa na Venezuela, achamos que pode ajudar nesse processo de redemocratização da Venezuela", defendeu o chefe da diplomacia brasileira, em declarações à agência Lusa à margem de uma conferência de imprensa no Itamaraty - sede do ministério -, em Brasília.
Na opinião de Ernesto Araújo, Portugal, dado o "interesse que tem devido à grande comunidade portuguesa que reside na Venezuela, pode ajudar a sensibilizar outros países europeus para o drama que os venezuelanos estão a viver".
"Muitos portugueses já saíram de lá, outros perderam muita coisa. É preciso sensibilizar [a Europa] para a urgência de uma solução", sustentou.
O governante brasileiro revelou ainda que falou recentemente com o seu homólogo português, Augusto Santos Silva, sobre as condições em que vivem os portugueses na Venezuela.
Ernesto Araújo disse esperar que Estados como a China e a Rússia, que apoiam o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, vejam "a realidade e o sofrimento" em que o povo se encontra.
O ministro adiantou que, apesar da existência de uma nova presidência venezuelana, referindo-se ao presidente interino, Juan Guaidó, líder da oposição, os refugiados venezuelanos irão continuar a receber apoio do Governo brasileiro, esperando, contudo, que a situação se venha a resolver.
Dados do Alto-Comissariado das Nações Unidas para o Refugiados (ACNUR) mostram que de janeiro de 2014 a abril de 2018, 25.311 venezuelanos solicitaram uma autorização de residência no Brasil e 57.575 pediram asilo.
O ministro das Relações Exteriores do Governo de Jair Bolsonaro disse ainda que o Grupo Lima, do qual o Brasil faz parte, vai reunir-se na próxima segunda-feira, no Canadá, para debater o processo de redemocratização venezuelano.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, se autoproclamou presidente interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos, da Organização dos Estados Americanos (OEA), e da maioria dos países da América Latina, incluindo o Brasil, e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Também anunciou uma amnistia aos militares e funcionários públicos que "colaborarem com a restituição da democracia".
Nicolás Maduro, de 56 anos, chefe de Estado desde 2013, denunciou a iniciativa do presidente do parlamento, no qual a oposição tem maioria, como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos da América.
A repressão dos protestos antigovernamentais da última semana provocou pelo menos 40 mortos, de acordo com dados das Nações Unidas.
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