O presidente brasileiro, de 65 anos, anunciou na terça-feira que o teste da covid-19 que realizou deu positivo, após ter apresentado sintomas da doença, como febre alta e dores musculares, embora tenha dito estar “perfeitamente bem”.
O chefe de Estado, um dos maiores céticos sobre a gravidade da pandemia, que em muitas ocasiões discordou das recomendações sanitárias de isolamento, foi objeto de um controverso artigo de opinião assinado pelo jornalista Hélio Schwartsman, intitulado “Por que torço para que Bolsonaro morra”.
O jornalista do diário Folha de S. Paulo escreveu que deseja que “o quadro [da saúde de Bolsonaro] se agrave e ele morra”.
“A vida de Bolsonaro, como a de qualquer indivíduo, tem valor e sua perda seria lamentável”, escreveu Schwartsman. “A morte do presidente torna-se filosoficamente defensável” se acarretar “um número maior de vidas preservadas”, acrescentou. “O presidente prestaria na morte o serviço que foi incapaz de ofertar em vida”, escreveu.
“Quem defende a democracia deve repudiar o artigo”, afirmou o ministro da Justiça na rede social Twitter, na terça-feira. “Assim, com base nos artigos 31, IV; e 26 da Lei de Segurança Nacional, será requisitada a abertura de inquérito à Polícia Federal”, anunciou o governante, precisando que “as liberdades de expressão e imprensa (…) são [direitos fundamentais] limitados pela lei”.
O Ministro das Comunicações, Fábio Faria, disse numa declaração oficial que o artigo era um “claro ataque” à instituição da Presidência e “merece todo o repúdio dos jornalistas e de todos os poderes”.
Desde que tomou posse em 01 de janeiro de 2019, Bolsonaro tem estado envolvido em conflitos com a imprensa tradicional, que considera um “inimigo” e acusa de espalhar “mentiras” com a intenção de derrubar o seu Governo.
Bolsonaro disse na terça-feira que está infetado com o novo coronavírus, numa comunicação através da rede social Facebook, um dia depois de relatar sintomas e realizar um teste num hospital militar, em Brasília.
O chefe de Estado referiu que tomou, na segunda-feira, uma dose de hidroxicloroquina, substância polémica usada no Brasil no tratamento da covid-19, embora a sua eficácia não tenha sido comprovada por estudos e pesquisas científicas.
Na noite de terça-feira, o presidente brasileiro gravou um vídeo, difundido na rede social Facebook, a elogiar os efeitos da hidroxicloroquina no tratamento da infeção pelo novo coronavírus, frisando que “confia” na ação do fármaco.
“Estou a tomar aqui a terceira dose da hidroxicloroquina. Estou a sentir-me muito bem. (…) Hoje, terça-feira, estou muito melhor do que sábado. Então, com toda a certeza, está a dar certo”, disse Bolsonaro, entre risos, enquanto tomava o medicamento.
Um dos líderes mais céticos em relação à gravidade da atual pandemia, Bolsonaro tem suscitado duras críticas por se opor ao isolamento social para combater a propagação da covid-19, doença que chegou a classificar de “gripezinha”.
O Brasil é o segundo país mais afetado pela pandemia no mundo, com 66.741 óbitos e 1.668.589 casos confirmados.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 539 mil mortos e infetou mais de 11,69 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).
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