Por: Robin MILLARD da agência France-Press
"Vai ajudar os pacientes com necessidades médicas específicas, mas não é, de forma alguma, um primeiro passo em direção à legalização da canábis recreativa", disse o ministro do Interior, Sajid Javid, em comunicado.
Recentemente foram noticiados vários casos de pessoas doentes que se tratam ilegalmente com produtos derivados da planta, entre eles os de Alfie Dingley e Billy Caldwell, dois rapazes que sofrem de epilepsia, e que fazem o seu tratamento através do óleo da canábis.
Javid decidiu, após uma revisão da regulamentação, legalizar o uso terapêutico da canábis para "que esteja disponível por prescrição", revela o comunicado.
O ministro havia solicitou o parecer de dois grupos de especialistas independentes antes de tomar a decisão.
"Tornar a canábis terapêutica acessível com prescrição médica vai melhorar a vida dos pacientes que estão a sofrer em silêncio. Não há nada mais difícil do que ver os entes queridos a sofrer — é por isso que tomei esta decisão", justificou o ministro na rede social Twitter.
A canábis estava classificada como sendo uma droga sem valor terapêutico, mas, aplicada a nova lei, vai sofrer uma alteração de categoria.
O Departamento de Assistência Social e Saúde (DHSC) e a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos Sanitários (MHRA) vão agora "definir, de forma clara, aquilo que consiste um medicamento derivado da canábis", de forma a que estes possam ser receitados, segundo indicou o ministério. "As outras formas da canábis serão estritamente controladas e não vão estar disponíveis sob prescrição", pode ler-se.
"Este anúncio traz esperança a milhares de pessoas", disse Mike Penning, copresidente de um grupo parlamentar misto sobre a canábis medicinal. "No entanto, ainda há um importante trabalho a ser feito, para definir exatamente que produtos serão permitidos e como serão regulamentados", acrescentou.
O quarto partido com mais representação no Parlamento, o Liberal-Democrata, tem estado em campanha há muito tempo para flexibilizar as leis em relação à canábis.
"Esta é uma mudança há muito tempo esperada", disse o porta-voz de saúde do partido, Norman Lamb. "Todavia, é um pouco decepcionante que o governo se tenha negado a assumir uma revisão mais ampla das leis obsoletas e prejudiciais também em relação ao uso recreativo da canábis", acrescentou.
Outros países europeus procederam à mesma legalização, tais como Alemanha, Áustria, Finlândia e Itália. Em Portugal, o Presidente da República já promulgou o documento aprovado no Parlamento em junho que regula a utilização da planta da canábis para fins medicinais.
Esta decisão do governo conservador britânico será provavelmente "saudada pela comunidade de investigadores", reagiu o Dr. Tom Freeman, investigador do King's College de Londres. "Terá um impacto considerável na investigação, ao facilitar o desenvolvimento de medicamentos mais seguros e eficazes", acrescentou.
Comentários