O acordo, que pretende pôr fim à violência que provocou a morte de milhares de pessoas e levou a que mais de um milhão abandonasse as suas casas, foi assinado hoje na capital do Sudão, Cartum, onde estiveram presentes representantes de vários grupos e instituições.
“Estou muito contente com este dia”, referiu o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki, acrescentando que a organização está “muito contente pelo povo da RCA”.
As negociações para o acordo foram iniciadas em 24 de janeiro, e contaram com o apoio da União Africana e das Nações Unidas, e com os antigos generais da Séléka, a ex-coligação que conquistou Bangui em 2013: Ali Darassa, chefe da Unidade para a Paz na RCA (UPC, na sigla em francês), Noureddine Adam, chefe da Frente Popular para o Renascimento da RCA (FPRC), e Mahamat Al-Khatim, chefe do Movimento Patriótico para a RCA (MPC).
Desde o início da crise na RCA já foram assinados sete acordos de paz, sem que algum tivesse conseguido garantir a estabilidade ao país.
A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos unidos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.
O conflito neste país, com o tamanho de França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados, e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.
O Governo do Presidente Faustin-Archange Touadéra, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território.
O resto é dividido por mais de 15 milícias que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.
Portugal está presente na RCA desde o início de 2017, no quadro da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização na República Centro-Africana (Minusca), com 180 militares na 4.ª Força Nacional Destacada Conjunta no país, que iniciou a missão em 05 de setembro. Outros seis militares do Exército português integram o comando da missão das Nações Unidas.
Portugal também integra e lidera a Missão Europeia de Treino Militar – República Centro-Africana (EUMT-RCA), comandada pelo brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio, com um total de 53 militares.
Comentários