O anúncio foi feito pelo Presidente da República Dominicana, Danilo Medina, durante uma conferência de imprensa em Santo Domingo, onde têm decorrido, desde setembro de 2016, as tentativas de diálogo entre o regime venezuelano e a oposição.

“Baseado no princípio de que nada está acordado até que tudo esteja acordado, não podemos dar pormenores dos avanços. Ficam ainda assuntos pendentes que têm que ser debatidos em Caracas”, disse Danilo Medina aos jornalistas.

Segundo o chefe de Estado, as duas partes vão agora realizar consultas em Caracas, prevendo regressar à República Dominicana “num prazo de três a cinco dias, para tentar chegar a um acordo”.

“Na segunda-feira reunir-se-ão novamente aqui, na República Dominicana e (a negociação) dependerá muito da posição que tenham sobre os assuntos que estão pendentes (…) portanto, não podemos fazer nenhum avanço sobre nenhum dos temas, até tudo estar debatido. Não há nada aprovado”, frisou.

No entanto, segundo Danilo Medina, as duas delegações assinaram “uma ata com avanços na agenda do diálogo”, da qual há apenas um exemplar, que ele próprio guarda.

A pesar das declarações do Presidente da República Dominicana, representantes do Governo venezuelano e da oposição têm dado informação contraditória, sobre um possível acordo.

Segundo Jorge Rodríguez, chefe da delegação do regime, foi assinado um pré-acordo com a oposição, “que desmontará as ânsias belicistas contra a Venezuela, dentro e fora do país”.

“É um pré-acordo entre as partes, que permitiu assinar uma ata, onde estão inscritos os elementos de entendimento entre a direita venezuelana e o Governo. Esta assinatura implica o fim e a desmontagem de todas as ânsias belicistas contra o país”, disse Jorge Rodríguez aos jornalistas.

Por outro lado o porta-voz opositor, Júlio Borges, anunciou que “há muitos temas importantes que falta trabalhar para chegar, possivelmente, ao resultado final de um acordo pela paz e pelo progresso da Venezuela”.

“Não se assinou nenhum pré-acordo, nem há pré-acordo”, frisou.

O Governo venezuelano espera chegar a um acordo que permita acabar com a alegada “guerra económica no país” e leve à suspensão das sanções que os Estados Unidos e a Europa aplicaram contra altos funcionários de Caracas.

O regime espera ainda debater a soberania venezuelana e a alegada ingerência estrangeira em assuntos políticos e económicos venezuelanos.

Em cima da mesa vai estar também a criação de uma comissão de justiça e verdade sobre a violência no país.

Esta comissão seria convocada pela Assembleia Constituinte, que a oposição considera ilegal.

O Governo pretende ainda que a Assembleia Nacional (parlamento, onde a oposição detém a maioria), aceite várias sentenças do Supremo Tribunal de Justiça, enquanto que a oposição insiste que a assembleia foi legitimamente eleita e deve ser reconhecida como tal pelo regime.

Por outro lado, a oposição insiste em conseguir garantias para a apresentação de candidatos às próximas eleições presidenciais, que segundo a Assembleia Constituinte, foram antecipadas e deverão ter lugar até 30 de abril de 2018.

A oposição espera ainda chegar a um acordo que permita libertar os presos políticos venezuelanos e que o Governo aceda à abertura de um canal humanitário para a entrada de alimentos e medicamentos no país.