“Há um contacto permanente entre as diversas congéneres diplomáticas dos outros países e com o delegado da União Europeia. Nós estamos em contacto permanente e a zelar, de forma muito firme, para que estes portugueses, nas soluções que forem encontradas, possam sair o mais rápido possível e, portanto, quero dizer que a solução será integrada”, afirmou Paulo Cafôfo, em Fátima (Santarém).

Questionado se os 65 portugueses estarão em Portugal antes do Natal ou do Ano Novo, o secretário de Estado reiterou que “a solução está a ser encontrada de uma forma integrada”, destacando que o “maior erro” que se pode cometer é uma precipitação.

“Eu sei que há um grande desejo que eles possam sair e nós queremos que eles saiam (…). Agora, não podemos nos precipitar no sentido de a sua retirada pôr em perigo a sua vida ou o seu bem-estar”, sublinhou, realçando que os cidadãos nacionais “estão em segurança”.

Segundo Paulo Cafôfo, o Governo continua “acompanhar, de forma direta, contínua e sistemática os portugueses que estão no Peru e foram apanhados no meio de um golpe de Estado”.

“A nossa embaixada e o senhor embaixador têm estado sempre numa dupla função, numa função de contacto com as autoridades” do país e, também, com a rede diplomática, “em contacto direto diário” com todos os 65 portugueses referenciados que estão a ser acompanhados, continuou.

“Eles estão em segurança, têm alojamento, têm alimentação e aquilo que estamos a fazer é tentar fazer tudo o que está ao nosso alcance para retirá-los do Peru”, garantiu.

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas explicou que têm sido feitos “contactos diretos com o Governo do Peru, mas também no âmbito da União Europeia”, notando que há milhares de turistas naquele país, para que os portugueses “estejam na linha da frente quando a retirada destes estrangeiros acontecer no Peru”.

Por outro lado, notou que “destes 65 portugueses nem todos estão na mesma situação”, dado estarem em locais diferentes, pelo que “a sua retirada, para já, não será nunca simultaneamente”.

“Em Arequipa, a informação que nós temos é que o aeroporto está danificado nas suas infraestruturas, ou seja, não existirão voos comerciais tão cedo, mas existe a possibilidade de acontecerem voos militares”, declarou, referindo, contudo, desconhecer se irá acontecer ou quando irá acontecer.

Paulo Cafôfo adiantou que há outros portugueses que estão em Cusco, cujo aeroporto “não foi afetado nas suas condições de operacionalidade”, pelo que “é previsível que, muito brevemente, (…) possam existir voos comerciais que levem as pessoas para Lima [capital], porque é a partir de Lima que sairão do Peru”.

“Está a ser equacionada a abertura do aeroporto para voos comerciais e nós estamos a diligenciar para que os portugueses que já estão em Cusco possam fazer essa viagem para Lima e vir para Portugal”, adiantou, referindo haver ainda outra situação relativa a portugueses em Aguas Calientes, na base de Machu Picchu.

De acordo com Paulo Cafôfo, neste caso a “situação é mais complexa porque o acesso é só por ferrovia” que está danificada, pelo que agora o acesso tem de ser por helicóptero.

De acordo com o portal do Ministério dos Negócios Estrangeiros, em 2020, estavam registados na embaixada de Portugal em Lima 242 cidadãos portugueses.

Na quarta-feira, o Governo da chefe de Estado, Dina Boluarte, decretou o estado de emergência em todo o país, por um período de 30 dias, "para controlar atos de vandalismo e violência cometidos nas manifestações de protesto".

Por outro lado, o ex-presidente Pedro Castillo vai continuar detido durante mais 48 horas.

Castillo foi preso depois de ter dissolvido o Congresso na tentativa de promover mudanças constitucionais para evitar um julgamento.

As atitudes de Castillo foram consideradas como um "golpe de Estado" por membros do Governo, incluindo pela atual Presidente Boluarte.