Milhares de migrantes, principalmente oriundos do Médio Oriente, cruzaram a fronteira entre a Europa e a Bielorrússia nos últimos meses, com a União Europeia a suspeitar tratar-se de uma forma de retaliação do regime de Minsk contra as sanções europeias.
“O conselho de ministros decidiu hoje pedir ao Presidente que estabeleça um estado de emergência por 30 dias” em 183 cidades e vilas ao longo da fronteira, anunciou o primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki, em conferência de imprensa.
“Temos de prevenir as operações ‘híbridas’ agressivas que seguem o plano de Minsk e dos que protegem (o Presidente bielorrusso, Alexander) Lukashenko”, afirmou.
Durante o estado de emergência, as manifestações de todos os tipos são proibidas no território e todas as pessoas devem apresentar documento de identidade, além de ser proibido o porte de armas, explica o Governo em comunicado.
O Ministério do Interior registou, em agosto, cerca de 3.000 tentativas de entrar ilegalmente na Polónia a partir da Bielorrússia.
De acordo com o ministro do Interior, Mariusz Kaminski, o regime de Minsk trouxe, no espaço de algumas semanas, cerca de 10.000 iraquianos para perto da fronteira para os ajudar a entrar na Polónia, na Lituânia e na Letónia, referindo a possibilidade de haver “reservatórios de migrantes” na Turquia, Líbano e Rússia.
Se o estado de emergência for declarado pelo Presidente, deixa de haver espaço para “incursões, acontecimentos ou manifestações” na zona das fronteiras, alertou o ministro.
Por outro lado, alertou, a Polónia tem de estar preparada para uma situação “que poderá causar muita tensão” na fronteira quando for realizado o próximo exercício militar russo Zapad-2021, que deverá colocar cerca de 200.000 soldados em territórios russos e bielorrussos, incluindo “cerca de 12 mil militares russos perto de Brest [junto da fronteira polaca]”.
A crise migratória denunciada pelo Governo nacionalista conservador da Polónia tem como situação mais visível a existência de 30 migrantes, provavelmente afegãos, encalhados num campo improvisado entre a Bielorrússia e a Polónia, que se recusa a deixá-los entrar no seu território ou a permitir a ajuda de organizações humanitárias.
O Governo continua intransigente, mesmo após vários apelos do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, do Conselho da Europa e do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
O primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki, proclamou recentemente a necessidade de proteger o “sagrado território polaco”.
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