“Recebemos as propostas dos sindicatos e posso adiantar que vamos mais além”, disse João Costa à margem de uma visita à Escola Portuguesa de Luanda, Angola.

O Ministério da Educação e os sindicatos do setor voltam a sentar-se à mesa nos dias 18 e 20 de janeiro para a terceira ronda do processo negocial sobre a revisão do regime de recrutamento e mobilidade do pessoal docente, que se iniciou em setembro.

A última reunião realizou-se ainda em novembro e, entretanto, os professores iniciaram um conjunto de greves que levaram ao encerramento pontual de várias escolas nos últimos dias do 1.º período e que se intensificaram no início do 2.º período.

A propósito das próximas reuniões, que foram convocadas na segunda-feira, mas cuja calendarização já estava prevista para janeiro, o ministro da Educação adiantou que vai apresentar novas propostas.

“Vamos apresentar uma proposta bastante mais além do que aquilo que os sindicatos nos responderam, de reduzir significativamente as zonas pedagógicas para evitar deslocações muito grandes dos professores dentro do território”, referiu João Costa.

Afirmando que o Governo já tinha apresentado propostas concretas nas reuniões anteriores, designadamente sobre a redução da área geográfica dos quadros de zona pedagógica e a definição de critérios para a abertura de mais lugares em quadro de escola, o ministro disse não compreender algumas acusações dos sindicatos.

“Acho que não há nenhum professor português que possa dizer que querer ter mais estabilidade, menos mobilidade no território, não seja uma coisa que é positiva para si e para o sistema educativo”, considerou, acrescentando que as duas medidas “curiosamente, não têm estado na discussão”.

“Têm estado mais em cima da mesa coisas que nunca foram afirmadas”, lamentou, afirmando que entre as reivindicações dos professores “disseminaram-se informações que não tinham qualquer fundamento e destaparam-se outros assuntos”.

Um dos temas que tem merecido maior contestação dos professores é a alegada municipalização da contratação, isto é, a ideia de que a contratação dos docentes passaria a ser da responsabilidade de entidades locais. No entanto, o ministro da Educação já desmentiu essa possibilidade diversas vezes, rejeitada hoje também pelo próprio primeiro-ministro, António Costa.

O ministro da Educação disse também que tem acompanhado com preocupação o impacto das greves, que vão já na terceira semana de aulas e deverão manter-se, pelo menos, até ao final do mês, mas reafirmou a disponibilidade do Governo para continuar a negociar.

“Espero que sejam reuniões produtivas em que consigamos chegar a acordo sobre várias propostas concretas que temos em cima da mesa”, disse João Costa, considerando que, se os sindicatos acompanharem essa disponibilidade, a contestação “tem todas as razões para abrandar”.