“O cadastro vai mesmo ser feito”, afirmou António Costa, no concelho de Oliveira do Hospital, na cerimónia de apresentação de 20 novas equipas de sapadores florestais, em que também foi assinalado o 10º aniversário da criação da primeira Zona de Intervenção Florestal (ZIF) do país, a ZIF do Alva e Alvoco.

Segundo o primeiro-ministro, “há décadas que todos os governos têm medo de avançar com o cadastro”, mas o atual executivo está determinado a promover a sua realização.

António Costa defendeu também que o trabalho das equipas de sapadores “é absolutamente essencial” para a proteção da floresta portuguesa, o que levou o Governo a “descongelar o programa” dos sapadores florestais, que estava parado desde 2009.

“A chave é limpar a floresta a tempo e horas”, com os sapadores a fazerem esse trabalho durante o inverno e reforçarem a vigilância no verão, disse António Costa.

Ao mesmo tempo, o Governo, que conta com apoio de todos os partidos da esquerda parlamentar – PS, Bloco de Esquerda, PCP e Verdes – avançará com “uma grande reforma florestal” necessária “para o futuro do país”.

Independentemente de essa reforma “só produzir efeitos a médio prazo”, há razões “para não adiar mais aquilo que foi adiado”, acrescentou.

Para António Costa, importa que a floresta, em Portugal, “seja cada vez menos uma ameaça” para as populações, a economia e o ambiente.

Acompanhado pelo ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, e outros membros do Governo, António Costa preconizou, igualmente, um redobrado esforço na criação de novas ZIF no país.

“Uma gestão isolada da floresta não permite valorizar o património” dos proprietários, referiu, nem “gerir em segurança” o conjunto das múltiplas parcelas, designadamente na região Centro, onde predomina o minifúndio, o que levou o Governo a “voltar à ideia das ZIF”, que avançou em 2006, no primeiro executivo de José Sócrates.

António Costa adiantou ainda que a reforma florestal “vai ter um impacto superior no país” àquele que o projeto do Alqueva “já teve no Alentejo”.

Pouco antes, já Capoulas Santos tinha recordado que o Alqueva avançou há cerca de 20 anos, num governo de António Guterres, quando ele próprio foi pela primeira vez ministro da Agricultura.

“O que estamos a fazer na floresta é uma coisa com muito mais profundidade do que aquela que o Alqueva conheceu”, realçou o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural.

A ZIF do Alva e Alvoco, onde decorreu a cerimónia com António Costa, foi criada, em 2006, pela Caule – Associação Florestal da Beira Serra.

O seu presidente, Vasco Campos, pediu ao Governo para “não abandonar as ZIF”, um modelo de gestão florestal que “dá resultados”.

“Este é o tempo de nos concentrarmos e darmos todos o nosso melhor para lidar com o problema dos incêndios florestais e suas consequências”, preconizou, por sua vez, o presidente da Câmara de Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino.

Para José Carlos Alexandrino, importa apostar “nas soluções, evitando alarmismos contraproducentes, apostando num bom sistema de informação que ligue e articule todos os agentes no terreno”.

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