No despacho a que a Lusa tece acesso e onde constam as medidas de coação, que apenas deixaram com Termo de Identidade e Residência um dos detidos, lê-se que “os crimes em apreço são de extrema gravidade, gravidade patenteada desde logo, na própria moldura abstratamente prevista e causadores de grande alarme social pelo sentimento de instabilidade, insegurança que criam na comunidade bem como dos avultados prejuízos causados às vítimas”.

As medidas de coação acompanham, no essencial, o proposto pelo Ministério Público, uma vez que um dos detidos “estava indiciado apenas por posse de arma proibida”, acrescentou fonte judicial à Lusa.

Refere o despacho que “da prova criada para os autos resulta pois claro que os arguidos não tiveram qualquer problema em optar pela solução mais radical, ou seja não cumprir a lei e as regras da sociedade, praticando, como já se referiu crimes de extrema gravidade” nem em “atuar da forma como o fizeram mesmo sabendo da gravidade objetiva que, como supra se referiu (é do conhecimento comum que tais crimes são fortemente punidos pelo nosso ordenamento jurídico)”.

“A isto acresce a personalidade dos arguidos demonstrada no cometimento dos factos, movem-se com facilidade neste tipo de criminalidade e denotam experiência na respetiva atuação (modus operandi) e na organização em que se encontram estruturados”, lê-se ainda.

O documento prossegue, assinalado que os arguidos “dedicam-se à prática de crimes contra o património, enunciando uma clara perda de valores com referência à vida em sociedade aliada a uma postura de indiferença no tocante à justiça revelando uma personalidade desconforme com o direito e os valores fundamentais das regras em sociedade”.

Segundo o mandado de detenção a que a Lusa teve acesso, os arguidos são acusados de furto qualificado, arrombamento de estabelecimentos comerciais, armazéns e fábricas, bem como a cargas acondicionadas em camiões e reboques de transporte de mercadorias.

Os detidos são suspeitos de 60 crimes de furto qualificado, “sendo de salientar que, em resultado das práticas ilícitas referenciadas, resultaram prejuízos superiores a 3,5 milhões de euros”, revelou na quarta-feira em comunicado o Comando Metropolitano do Porto.

Além dos 14 homens detidos, foram apreendidas 19 viaturas e armas, num total não especificado pela PSP.