"O número médio de refugiados e migrantes que chegam diariamente à Grécia está no nível mais alto deste maio, provocando um congestionamento nos campos das ilhas, e colocando crianças em risco", alerta a Save the Children, acrescentando que as chegadas às ilhas nos primeiros 14 dias de agosto aumentaram 144% comparativamente aos primeiros 14 dias de julho.

Segundo a BBC, foram registadas 1.367 entradas em agosto até agora, comparativamente com as 1.721 registadas em todo o mês de maio.

Uma das razões que poderá explicar o aumento, diz a Save the Children, é a tentativa falhada do golpe de estado na Turquia. No entanto, o deteriorar das relações entre o país liderado por Erdogan e a Europa - face a polémica purga que o presidente do país levou a cabo após a tentativa de golpe - pode igualmente contribuir para esta situação, adiantam os observadores, escreve a BBC.

Desde o acordo assinado entre a União Europeia e a Turquia (em que a UE se compromete a facilitar a concessão de vistos de trabalho aos turcos, enquanto, em troca, a Turquia ajuda com a chegada dos migrantes), o número de migrantes a tentar entrar na Grécia pela costa ocidental turca estancou, mas a organização teme que não seja suficiente e se torne numa situação insustentável no futuro.

Por outro lado, as novas regras que previnem a passagem de migrantes ilegais das ilhas para o continente grego estão a fazer com que um número recorde de migrantes seja obrigado a viver em campos de refugiados sem condições. Mais de 10,300 migrantes (3,800 dos quais crianças) estão atualmente presos nas ilhas de Lesbos, Chios e Samos. Estes vêm predominantemente da Síria, Iraque e Afeganistão, procurando fugir da violência e da guerra.

“Mães com bebés são forçadas a dormir no chão em tendas improvisadas”, diz a diretora da Save the Children na Grécia, Katie Dimmer. “As crianças e as mães que estão em período de amamentação estão a sofrer de desidratação por falta de água. Existe um aumento de tensão, porque serviços básicos, como toalhas e chuveiros, são limitados”.

Em 2015, ainda assim, a média de entradas diárias na Grécia era drasticamente maior. Só em agosto foram registadas 107.843 entradas. Este ano, se o número continuar a disparar e a caminhar para valores idênticos, o cenário pode ser igualmente complicado, já que as instalações estão lotadas e sem capacidade para acolher um número tão elevado de pessoas.

“É absolutamente vergonhoso que os refugiados e migrantes estejam a viver condições precárias há mais de quatro meses e sem fim à vista", esclarece Dimmer. "A UE tem de facultar mais condições à Grécia para que se melhore a acomodação das instalações e acelerar o processo dos pedidos de asilo, realojamento e programas de reagrupamento familiar", concluiu.