À margem de uma visita ao Bairro do Zambujal, na Amadora, Pedro Nuno Santos foi questionado sobre as declarações da ministra da Administração Interna sobre direito à greve nas polícias, que motivou um esclarecimento horas depois do próprio ministério a dizer que afinal esse tema não fará parte das negociações.

“Nós estamos a falar de uma função de soberania e a senhora ministra da Administração Interna, em poucos meses, já mostrou em diferentes alturas, em diferentes momentos, a sua inaptidão para as funções. A função de ministra da Administração Interna não é uma função qualquer”, criticou Pedro Nuno Santos.

Para o líder do PS, “o problema, ao fim de algum tempo, já é não é da senhora ministra”.

“Ao fim de algum tempo o problema já é do primeiro-ministro. Em primeiro lugar porque é o primeiro-ministro que escolheu a senhora ministra e portanto isso também diz muito sobre a capacidade do senhor primeiro-ministro em construir boas equipas”, criticou.

Por outro lado, de acordo com Pedro Nuno Santos, é Luís Montenegro “que mantém a senhora ministra”.

“A partir de determinada altura, o responsável já é o primeiro-ministro e neste momento para mim o responsável já é o primeiro-ministro”, enfatizou.

Para Pedro Nuno Santos, "no trabalho de qualquer político e de um ministro em particular é fundamental saber comunicar com as pessoas, com a população, mas aqui nem é só o saber comunicar, é que aqui há outra dimensão de problema”, afirmou.

Neste caso concreto sobre o direito à greve, “num dia diz-se uma coisa e passado umas horas volta-se atrás”.

“Isso é inaceitável do ponto de vista do exercício de funções governativas”, condenou.

Sobre a posição do PS, Pedro Nuno Santos destacou “uma posição sólida sobre essa matéria” dos socialistas.

“São forças de segurança fundamentais para garantir a ordem pública e na nossa opinião não é compaginável com greves”, reiterou.

O Ministério da Administração Interna esclareceu no domingo que a discussão do direito à greve na polícia não fará parte das negociações previstas para janeiro com as associações sindicais, após as declarações da ministra Margarida Blasco.

No encerramento do congresso da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) Margarida Blasco tinha afirmado: “vamos começar no dia 06 de janeiro um conjunto de revisões e é um ponto que pode estar e estará, com certeza, em cima da mesa. Neste momento não vou dizer se sim ou se não, porque vai ter de ser submetido a um estudo”, quando questionada pelos jornalistas sobre se estava disposta a conceder o direito à greve aos polícias.

Contudo, horas depois, um esclarecimento do Ministério da Administração Interna enviado às redações refere que “a posição do Governo é clara: nesse diálogo pode ser discutida a representação laboral e os direitos sindicais. Mas não o direito à greve”.

No final do congresso, que decorreu em Lisboa, a questão do reconhecimento do direito à greve na polícia foi abordada pelo presidente da ASPP/PSP, Paulo Santos, que destacou que esse ponto é há muito tempo reivindicado pelos sindicatos e manifestou mesmo a sua satisfação pela abertura demonstrada pela ministra.