Numa entrevista publicada hoje pelo diário argentino Clarín, Guaidó afirmou que “o único que pode autorizar uma missão e intervenção estrangeira é o Parlamento nacional. Isso elimina qualquer possibilidade de intervenção militar”.
Guaidó, que se proclamou Presidente interino da Venezuela em 23 de janeiro e foi reconhecido por meia centena de países, incluindo Portugal, sustentou que desde aquele dia “se avançou muitíssimo para encurralar e encostar Maduro às cordas”, mas insistiu que, como oposição, nunca colocou a “opção militar sobre a mesa”.
“Falamos de cooperação internacional. Foi o regime de Maduro que o fez e é um escândalo”, disse, acrescentando que é o próprio Maduro que procura uma “solução militar” quando “vai falar com o Presidente sírio, Bashar Al Assad, e ameaça transformar o país em outra Síria” e permite “a abertura de voos entre Teerão (Irão) e Caracas”.
“De facto, já existe uma intervenção militar ilegítima, como a russa e a cubana, permitida por Maduro”, afirmou Guaidó, que garantiu que na Venezuela “há tropas russas não autorizadas” que “devem ir-se embora”.
Reiterou que “não pode haver uma intervenção militar, mas sim cooperação internacional” e que internamente se aguarda um posicionamento dos generais que comandam as forças armadas.
“Cerca de 97% do país está contra Maduro e 91% quer uma mudança de governo, segundo as últimas sondagens. Estamos, por isso, à espera de que os generais no ativo se pronunciem”, disse.
Guaidó classificou o regime de Maduro como uma “ditadura sádica e miserável” que “bloqueia a comida e os medicamentos ao povo faminto e necessitado e ainda se regozija com essa atitude”.
“Já vamos em mais de dois milhões por cento de inflação e o Banco Mundial projeta uns 10 milhões por cento de hiperinflação. A contração económica este ano será 25%. O salário mínimo mensal é cinco dólares (cerca de 4,3 euros) e está a baixar”, advertiu.
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