Falando no fim de uma vigília de 16 horas em frente ao Palácio de Belém, Jorge Alves, do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, disse que hoje vai seguir o pré-aviso da greve de 24 a 27 e que, "se continuar tudo na mesma", apesar das reuniões com a tutela marcadas para a semana que vem, "no dia adequado seguirá o próximo aviso de greve de 28 a 31 de dezembro".

"A partir daí, vamos avaliar. Durante o ano que vem, se nada mudar, vamos estar todo o ano em greve de zelo às diligências e às visitas. Aí, sim, o Governo vai perceber o que é trabalhar de acordo com a lei, não é conforme querem que trabalhemos, de forma ilegal", disse a algumas dezenas de guardas hoje de manhã, enquanto desmontavam a tenda que serviu para conduzir a vigília.

Jorge Alves afirmou que, na quinta-feira, entregaram na Casa Civil do Presidente da República um documento com as suas reivindicações e que lhes foi dito que serão convocados para uma reunião na segunda-feira, mas não se sabe ainda com quem nem a que horas.

Em declarações à agência Lusa, Jorge Alves admitiu "algum receio do que possa acontecer" com a greve durante o período festivo e lamentou "algum inconveniente e qualquer prejuízo que traga para algumas pessoas".

Acusou a administração dos serviços prisionais, que "parece estar a provocar os reclusos para acusarem o corpo da guarda e o sindicato de influenciar a vida dos reclusos".

"Não é o caso. Queremos resolver isto e se alguém quer estabilidade, somos nós, porque estamos lá todos os dias e sofremos diretamente as consequências da instabilidade", argumentou.

Jorge Alves acusou o Governo de ser o responsável pela instabilidade no setor prisional, abalado nos últimos dias por protestos de reclusos em várias prisões, por "ter voltado atrás na palavra que deu".

Os guardas prisionais exigem a revisão do seu estatuto profissional, que foi discutido entre abril e agosto deste ano com a ministra da Justiça, Francisca Van Dunen, e acusam o primeiro-ministro, António Costa, de recuar nos compromissos assumidos.

Querem a criação de categorias profissionais, a revisão do horário de trabalho, a correção de suplementos que dizem não estar a ser pagos, a atualização dos salários e colocação nos escalões de equiparação à PSP.

"Temos guardas que não sobem de escalão desde 2008, é isso que o Governo tem de reconhecer. Se estas situações forem corrigidas, a injustiça é anulada e aí haverá condições para pararmos as formas de luta", salientou.


Notícia atualizada às 12:46