Em conferência de imprensa, na sua residência e sublinhando falar enquanto cidadão, fez um relato dos acontecimentos que culminaram em confrontos armados entre elementos da Guarda Nacional, do batalhão da guarda presidencial e da Polícia Militar.
Nestes confrontos morreram dois militares, e o comandante da Guarda Nacional, o coronel Vítor Tchongo, foi detido no Estado-Maior General das Forças Armadas.
Domingos Simões Pereira disse que preferiu falar por considerar que o seu silêncio “estava a dar azo a tentativas” de o associar a várias situações que poderiam potenciar “más interpretações e apelo à violência”.
“Quem me conhece sabe que não me revejo na violência, não sou apologista de desrespeito a ordem constitucional”, afirmou Simões Pereira, que é também presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que lidera a coligação no Governo, PAI-Terra Ranka.
O presidente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau disse não compreender a decisão do Ministério Público em ordenar a detenção preventiva do Ministro da Economia e Finanças, Suleimane Seidi, e do secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, que estiveram na origem dos confrontos armados de sexta-feira.
Os dois governantes estão sob investigações pelo pagamento de alegadas dívidas a 11 empresários, no valor de cerca de 10 milhões de dólares, uma operação que a oposição considera fraudulenta e o Ministério Público afirma incorrer em crime de prevaricação e de desrespeito a normas orçamentais.
O ministro e o secretário de Estado foram postos em prisão preventiva, na noite de quinta-feira, nas celas da Polícia Judiciária (PJ), onde elementos da Guarda Nacional entraram à força e os tiraram dali, tendo-os levado para as suas instalações no bairro de Luanda.
Na madrugada de sexta-feira, militares do batalhão presidencial e os da Polícia Militar atacaram o quartel da Guarda Nacional, de onde resgataram os dois governantes que reconduziram às celas da PJ e ainda prenderam o comandante da corporação, coronel Vítor Tchongo.
O presidente da Assembleia Nacional Popular, Simões Pereira, condenou, também, a atuação da Guarda Nacional e disse ter sido informado pelo primeiro-ministro, Geraldo Martins, e pela ministra do Interior, Adiatu Nandigna, de que desconheciam de quem partiu a ordem para a intervenção desta força policial.
O dirigente afirmou que após as consultas com os membros do Governo, ainda na noite de quinta-feira, e ao retornar à sua residência foi informado pelo seu corpo de segurança de que havia indícios de presença de homens armados perto da casa.
Ao ser comunicado de que deveria sair de casa, Simões Pereira disse ter recusado num primeiro momento, mas ao escutar os tiros “cada vez mais perto de casa e contra o portão” acabou por sair.
“Em menos de dez minutos a minha casa parecia um campo de batalha com tiros por todo o lado, mas primeiro tive de tranquilizar a minha mãe com mais de 100 anos e depois sair de casa”, explicou Pereira.
O político disse ter contactado por telefone várias pessoas, entre as quais o embaixador da África do Sul na Guiné-Bissau para explicar o que se estava a passar.
Domingos Simões Pereira apelou ao povo guineense para se manter calmo e vigilante, mas exigiu que se esclareça toda a verdade em relação aos pagamentos efetuados aos empresários e os contornos que levaram aos tiroteios de sexta-feira.
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