Num balanço do ano de 2022 feito à imprensa na sede da ONU, em Nova Iorque, Guterres voltou a colocar a crise climática como um dos pontos centrais do seu mandato, apelando a todos os líderes – Governos, empresas, cidades e regiões, sociedade civil e financiadores – por um posicionamento mais forte e efetivo nesse sentido.

“As alterações climáticas e a perda de biodiversidade são outras áreas em que pode ser difícil encontrar boas notícias. Ainda nos estamos a mover na direção errada. A lacuna global de emissões (de gases de efeito de estufa) está a crescer. (…) Os planos climáticos nacionais estão a ficar terrivelmente aquém. Mas não estamos a recuar. Estamos a dar luta”, disse o líder das Nações Unidas.

Ajudar as economias emergentes a abandonar o carvão e a acelerar a revolução da energia renovável continuam a ser algumas das prioridades da ONU, assim como “restaurar a confiança entre o norte e o sul”.

“Este ano, grandes parcerias bilionárias para a transição de energia justa foram lançadas com a Indonésia, a África do Sul e, na semana passada, o Vietname. (…) Daqui para a frente, continuarei a pressionar por um Pacto de Solidariedade Climática, no qual todos os países façam um esforço extra para reduzir as emissões nesta década, em linha com a meta de 1,5 graus celsius e garantir apoio a quem precisa”, afirmou Guterres.

Frisando que não irá ceder nos seus objetivos ambientais, o ex-primeiro-ministro português anunciou a convocação da ”Cimeira de Ambição Climática” para setembro do próximo ano.

“O convite está aberto. Mas o preço de entrada não é negociável — uma ação climática nova, credível e séria e soluções baseadas na natureza que farão a ‘agulha’ avançar e responder à urgência da crise climática. Será uma cimeira sem exceções. (…) Não haverá espaço para retrocessos, ‘greenwashers’ [estratégia para forjar imagem ecologicamente responsável junto do público], repartição de culpas ou anúncios de anos anteriores”, advogou.

O intuito desta nova Cimeira é acelerar a ação climática à medida que o mundo avança na tentativa de cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

“Estou mais determinado do que nunca a fazer de 2023 um ano de paz, um ano de ação. Não podemos aceitar as coisas como elas são. Devemos às pessoas encontrar soluções e agir. (…) Avançar nos ODS e enfrentar as desigualdades. Reformar um sistema financeiro internacional moralmente falido (…) e entregar um planeta habitável para nossos filhos e netos”, concluiu o secretário-geral.