“Condeno fortemente todos os atos de violência contra civis, incluindo atos de terror. Os ataques aéreos e as operações terrestres de Israel num campo de refugiados lotado foram a pior violência na Cisjordânia em muitos anos”, disse Guterres, numa declaração à imprensa na sede da ONU, em Nova Iorque.

O líder das Nações Unidas sublinhou que os ataques tiveram um impacto significativo sobre civis, resultando “em mais de 100 feridos e milhares forçados a fugir”.

Além disso, escolas e hospitais foram danificados, redes de abastecimento de água e de eletricidade foram cortadas, e pessoas necessitadas foram impedidas de ter acesso a cuidados e uma assistência essenciais.

“Mais uma vez, exorto Israel a cumprir as suas obrigações sob o Direito Internacional, incluindo o dever de exercer moderação e usar apenas força proporcional, e o dever de minimizar danos e ferimentos e respeitar e preservar a vida humana”, apelou.

O ex-primeiro-ministro português sublinhou ainda que o uso de ataques aéreos “é inconsistente com a condução de operações de aplicação da lei”.

“Também lembro a Israel, como potência ocupante, que tem a responsabilidade de garantir que a população civil esteja protegida contra todos os atos de violência. Eu entendo as preocupações legítimas de Israel sobre a sua segurança. Mas a escalada não é a resposta. Simplesmente reforça a radicalização e leva a um ciclo cada vez mais profundo de violência e derramamento de sangue”, afirmou.

Ao concluir a declaração, Guterres afirmou que “restaurar a esperança do povo palestiniano num processo político significativo, levando a uma solução de dois Estados e ao fim da ocupação, é uma contribuição essencial de Israel para a sua própria segurança”.

A operação israelita, desencadeada na segunda-feira e a mais importante desde há vários anos na Cisjordânia ocupada, mobilizou centenas de soldados, e ainda ‘drones’ (aparelhos aéreos não tripulados) e ‘bulldozers’ do exército na cidade de Jenin e no campo de refugiados adjacente, bastião de grupos armados palestinianos.

A operação percorreu as estreitas ruas do campo de refugiados local, deixou um rasto de destruição, com milhares de pessoas a fugirem das respetivas casas, e provocou a morte de 12 palestinianos e de um soldado israelita.

O conflito israelo-palestiniano regista desde o início do ano um aumento das tensões após a entrada em funções, no final de dezembro, do que é considerado por diversos analistas como o Governo mais à direita da história de Israel, dirigido pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.