"Saúde é tanto um resultado como um promotor de progresso. Está no centro da nossa visão para um futuro mais sustentável, inclusivo e próspero. E é central para a nossa agenda de paz e segurança", disse Guterres.
O secretário-geral está no Japão para participar no Fórum Cobertura Global de Saúde, que reúne até sábado mais de 300 líderes globais com o objetivo de acelerar o acesso universal a cuidados de saúde.
Guterres disse que "devido a investimentos direcionados nas últimas décadas, foram feitos progressos históricos numa variedade de desafios" e deu como exemplo o acesso das mulheres a métodos contracetivos, altos níveis de vacinação, tratamento de pessoas portadoras de HIV, e o fim à vista de doenças como o pólio.
"No entanto, desigualdades grosseiras continuam a deixar os mais vulneráveis para trás. Para muitos, a saúde é inacessível, com custos proibitórios ou nem está disponível", explicou.
Segundo um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Banco Mundial (BM) divulgado quarta-feira, pelo menos metade da população mundial não tem acesso a cuidados essenciais de saúde.
No seu discurso, Guterres lembrou outro dado desse relatório: despesas com saúde fazem com que cerca de 100 milhões de pessoas desçam abaixo do limiar de pobreza todos os anos.
"Saúde é um direito de todos. Nesta nova era de desenvolvimento, precisamos de um sistema de financiamento multi-setor mais simples e sustentável. Sabemos que cada dólar gasto em saúde rende 20 dólares em aumento de rendimento numa geração", explicou.
O secretário-geral disse que "o compromisso político é essencial para desbloquear estes investimentos", mas que os países podem encontrar as suas próprias soluções.
"Não existe, é claro, uma solução que sirva para todos. Cada país deve cumprir o seu caminho na direção de cuidados de saúde universais", explicou.
Guterres lembrou ainda projeções que apontam para a falta de 14 milhões de profissionais de saúde em 2030, dizendo que isso requer investimentos na formação de pessoal médico.
Segundo o relatório divulgado quarta-feira, chamado Tracking Universal Health Coverage: 2017 Global Monitoring Report, mais de 800 milhões de pessoas em todo o mundo, o correspondente a 12% da população mundial, gastam menos de 10% do seu orçamento familiar em cuidados de saúde.
No ranking do relatório, Angola é o país lusófono com pior cobertura de serviços básicos de Saúde, com uma taxa de cobertura dos seus cidadãos de apenas 36 por cento, seguindo-se a Guiné-Bissau, com 39%, Moçambique (42%), Timor-Leste (47%), São Tomé e Príncipe (54%), Cabo Verde (62%) e Brasil (77%).
Portugal é o país lusófono com melhor resultado, tendo mais de 80% da sua população coberta (o relatório não especifica a percentagem de acesso acima dos 80%).
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