“Penso que estamos a chegar a uma situação que é similar, em grande medida, ao que experimentámos durante a Guerra Fria”, disse António Guterres.

No total, mais de 140 diplomatas russos na Europa, América do Norte, Ucrânia e Austrália são afetados por uma expulsão devido a uma ação coordenada de apoio a Londres, que acusou Moscovo de envenenamento de um ex-espião no Reino Unido

O secretário-geral das Nações Unidas disse estar “muito preocupado” devido à inexistência de um mecanismo para aliviar as tensões, como os canais partilhados de informações entre Washington e Moscovo que foram desmantelados com o fim da Guerra Fria.

“Acredito que é a altura de serem tomadas precauções do mesmo tipo, garantindo uma comunicação eficaz, com capacidade para evitar uma escalada” acrescentou.

O caso Skripal já deu origem a uma ação concertada de 27 países, entre os quais dois terços dos Estados membros da União Europeia (UE), além de Estados Unidos, Canadá e também NATO, de expulsão de mais de 140 diplomatas russos.

Portugal mantém-se entre os países que optou por não expulsar funcionários diplomáticos russos, argumentando que “a concertação no quadro da União Europeia é o instrumento mais eficaz para responder à gravidade da situação presente”.

Santos Silva anunciou na terça-feira que chamou o embaixador português em Moscovo, Paulo Vizeu Pinheiro, “para consultas”.

Hoje, Moscovo anunciou a expulsão de 60 diplomatas norte-americanos e o encerramento do consulado norte-americano em São Petersburgo.

O ex-espião duplo de origem russa Serguei Skripal, de 66 anos, e a sua filha Yulia, de 33 anos, foram encontrados inconscientes a 04 de março em Salisbury, no sul de Inglaterra, após terem sido envenenados com um componente químico que ataca o sistema nervoso.

O Reino Unido atribuiu o envenenamento à Rússia, que tem desmentido todas as acusações e exigido provas concretas sobre esta alegação.