“A proteção dos refugiados deve ser garantida. O acesso dos refugiados a um lugar onde estejam seguros é extremamente importante”, disse, numa conferência de imprensa em Adis Abeba, Etiópia, onde participou na abertura da cimeira da União Africana (UA).

“Os Estados Unidos têm uma grande tradição na proteção de refugiados, espero que esta medida seja apenas temporária”, afirmou Guterres, depois de ter sido questionado sobre a interdição de entrada a cidadãos de sete países de maioria muçulmana, decretada na sexta-feira passada pelo novo Presidente norte-americano, Donald Trump.

Entre os países que constam da lista, há três africanos – Líbia, Somália e Sudão – e Guterres apresentou a presença na cimeira da UA para reforçar que os países do continente africano são os que acolhem a maior população de refugiados no mundo.

“As fronteiras africanas continuam abertas para todos os refugiados que necessitam da sua proteção, enquanto as fronteiras em muitos outros países estão a ser fechadas, incluindo nos locais mais desenvolvidos do mundo”, lamentou Guterres, perante o plenário da União Africana.

Por outro lado, sobre uma possível revisão das relações entre os Estados Unidos e a Organização das Nações Unidas admitida por Trump, o secretário-geral da ONU reconheceu que é um assunto “preocupante”, mas disse acreditar que seja possível encontrar uma solução através de um “diálogo construtivo” em que participa de forma direta.

Antes de ser nomeado secretário-geral da ONU, Guterres foi alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados durante dois mandatos (dez anos).

A ordem executiva assinada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, na sexta-feira pouco antes das 17:00 locais (22:00 em Lisboa), proíbe a entrada a todos os refugiados durante 120 dias, assim como a todos os cidadãos de sete países de maioria muçulmana (Síria, Líbia, Sudão, Irão, Iraque, Somália e Iémen) durante 90 dias.