O trabalho da representante especial da ONU para a violência sexual em conflitos, Pramila Patten, cujo relatório foi publicado hoje, “foi realizado de forma meticulosa e diligente”, disse o porta-voz de António Guterres à AFP.
“Em nenhuma circunstância o secretário-geral fez algo para ocultar este relatório”, afirmou à France-Presse (AFP) Stéphane Dujarric, respondendo às acusações do ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, que hoje chamou o embaixador israelita junto das Nações Unidas para consultas.
“Ordenei ao nosso embaixador na ONU, Gilad Erdan, que regressasse a Israel para consultas imediatas, na sequência da tentativa de silenciar o grave relatório da ONU sobre as violações em massa cometidas pelo Hamas e pelos seus aliados em 07 de outubro”, anunciou o ministro israelita, Israel Katz, numa mensagem publicada na rede social X.
O chefe da diplomacia israelita criticou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, por não ter convocado o Conselho de Segurança, “face a estas conclusões”, com o objetivo de declarar o movimento islamita palestiniano “uma organização terrorista” e “impor sanções aos seus apoiantes”.
As autoridades israelitas têm pedido repetidamente a demissão de Guterres, depois de este ter afirmado que os ataques do Hamas “não não aconteceram no vácuo”, salientando que o povo palestiniano “é sujeito a uma ocupação sufocante há 56 anos”.
O relatório da enviada especial da ONU afirma que há “motivos razoáveis” para acreditar que o movimento islamita Hamas cometeu violações, “tortura sexualizada” e outros tratamentos cruéis e desumanos contra mulheres nos ataques de 07 de outubro.
Há também “motivos razoáveis para acreditar que essa violência ainda pode estar em curso”, segundo Pramila Patten, que visitou Israel e a Cisjordânia de 29 de janeiro a 14 de fevereiro com uma equipa de nove elementos.
No relatório, conhecido hoje, a equipa afirma ter encontrado ” informações claras e convincentes” de que alguns reféns foram sujeitos às mesmas formas de violência sexual relacionadas com conflito, incluindo violações e “tortura sexualizada”.
Cerca de 250 pessoas foram raptadas e levadas para Gaza durante o ataque sem precedentes do Hamas contra Israel, a 07 de outubro, que causou a morte de 1.160 pessoas, na sua maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelitas.
De acordo com as autoridades israelitas, 130 reféns ainda se encontram em Gaza, 31 dos quais terão morrido. Cerca de uma centena de pessoas foram libertadas, bem como 240 prisioneiros palestinianos detidos por Israel, durante uma trégua em novembro.
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