“O secretário-geral continua extremamente preocupado com a situação e está inquieto com o aumento da retórica de confrontação”, declarou o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, no seu encontro diário com a comunicação social.

Dujarric respondeu desta forma quando questionado sobre a troca de ameaças protagonizada nas últimas horas pelos Estados Unidos e a Coreia do Norte.

Após o regime de Pyongyang ter declarado que estava a considerar um plano para atacar com mísseis as bases militares no território americano da ilha de Guam, no Pacífico, o Presidente norte-americano, Donald Trump, avisou na terça-feira a Coreia do Norte de que “era melhor não fazer mais ameaças aos Estados Unidos” e prometeu uma resposta com “fogo e fúria como o mundo nunca viu”.

Hoje, numa nova mensagem na rede social de mensagens ‘online’ Twitter, Trump assegurou que o arsenal nuclear dos Estados Unidos “é o mais poderoso e forte de sempre”, mas afirmou esperar que não seja necessária a utilização deste poder nuclear.

O contexto da crise com a Coreia do Norte ganhou contornos mais graves após a publicação, também na terça-feira, de novas informações que dão conta dos progressos militares norte-coreanos.

Um relatório classificado elaborado por peritos dos serviços de inteligência do Departamento de Defesa norte-americano, citado pelo jornal The Washington Post, indicou que a Coreia do Norte terá conseguido diminuir suficientemente a dimensão de uma bomba nuclear de forma a conseguir incorporar o engenho num dos seus mísseis intercontinentais.

Tal capacidade será um avanço muito significativo para a Coreia do Norte, que se torna desta forma uma potência nuclear, destacou o diário norte-americano.

Até à data, o regime de Pyongyang testou vários engenhos nucleares e conseguiu realizar dois lançamentos de mísseis balísticos intercontinentais, capazes de atingir o território norte-americano. A capacidade dos norte-coreanos de colocarem uma bomba nuclear num desses engenhos era uma dúvida que ainda permanecia.

Na conferência de imprensa de hoje, o porta-voz de Guterres afirmou que o secretário-geral incentiva a todos os intervenientes a procurarem fórmulas para “a redução da tensão”, destacando que a resolução sobre a Coreia do Norte, aprovada por unanimidade no fim de semana passado no Conselho de Segurança da ONU, oferece “um roteiro” para sair da atual crise.

A resolução, que reforça fortemente as sanções impostas à Coreia do Norte, representou um êxito para os Estados Unidos, que conseguiram convencer a China – principal apoiante do regime liderado por Kim Jong-Un - e a Rússia a aumentar a pressão internacional sobre a Coreia do Norte, acusada de ser uma “ameaça global”.