As autoridades de imigração proibiram esta semana seis mulheres russas grávidas de entrarem na Argentina – três na quarta e três na quinta-feira – que alegaram serem turistas, disse a diretora nacional de migração argentina, Florencia Carignano.

“A quantidade realmente é muito grande a cada dia. Só ontem à noite no último voo da Ethiopian [Airlines] entraram 33 cidadãs russas grávidas de aproximadamente 32, 33 e 34 semanas”, disse Carignano, a uma televisão local.

Em 2022, 21.757 cidadãos russos entraram na Argentina, incluindo cerca de 10.500 mulheres grávidas e “os números aumentaram nos últimos meses”, disse Carignano. “Nos últimos três meses, 5.819 mulheres que estavam para dar à luz entraram” na Argentina, revelou.

Algumas das seis mulheres a quem foi recusada a entrada esta semana, e que ficaram detidas no Aeroporto Internacional de Ezeiza, nos arredores de Buenos Aires, iniciaram processos judiciais.

“Essas mulheres, que não cometeram um crime, que não infringiram qualquer lei migratória, estão a ser privadas ilegalmente da sua liberdade”, disse Christian Rubilar, advogada que representa três das seis mulheres.

Qualquer pessoa nascida em solo argentino recebe imediatamente a cidadania e ter um filho argentino acelera o processo de cidadania para os pais.

A justiça está a investigar se há algum tipo de organização criminosa a trazer mulheres russas para a Argentina, país que permite a entrada sem visto de cidadãos russos e que tem um sistema nacional de saúde gratuito para os argentinos.

A advogada Christian Rubilar acredita que existem criminosos que “estão a defraudar as pessoas [grávidas russas], aproveitando-se do desespero da guerra” na Ucrânia.

“Não temos nenhum problema com pessoas de qualquer nacionalidade que queiram vir morar na Argentina, que queiram criar os seus filhos aqui, que queiram investir na Argentina. O problema é que essas pessoas vêm, saem com passaporte e não voltam para a Argentina”, disse Florencia Carignano.

No final de janeiro, as autoridades da Eslovénia detiveram três alegados espiões russos, com passaportes argentinos.

“Essas pessoas certamente vieram para ter filhos na Argentina”, disse Florencia Carignano.

“Se não começarmos a controlar a quem damos passaportes, o que vai acontecer a nós, argentinos, é que vão começar a pedir vistos em todos os lugares e o passaporte não terá mais a confiança que tem em outros países”, acrescentou, lembrando que os argentinos podem entrar em 171 países sem visto.