"Não foi falhado nem um dos prazos que foram anunciados. O que não é muito usual. Os cursos vão recomeçar a 7 de abril e depois de limpos, completados, corrigidas as omissões em alguns casos muito significativas do Referencial de curso", afirmou Azeredo Lopes.
Em resposta a uma pergunta do PSD na comissão parlamentar de Defesa, Azeredo Lopes adiantou ainda que o 128.º curso registou um número de candidaturas "pelo menos em linha com a média de candidaturas dos últimos cursos" de Comandos.
O porta-voz do Exército disse à Lusa que foram recebidas "pouco mais de cem candidaturas".
O ministro frisou ainda que as medidas tomadas pelo Exército na sequência da inspeção técnica extraordinária realizada ao curso incluíram o "reforço da avaliação do ponto de vista médico" para "prevenir a ocorrência de factos lesivos".
O relatório da Inspeção Técnica Extraordinária, concluída a 05 de dezembro, tinha detetado dificuldades na atualização do Referencial do curso, atribuindo o atraso em parte à falta de militares com competências para o efeito.
O 127.º curso de Comandos, que se iniciou com 67 candidatos, ficou marcado pela morte de dois militares, em setembro.
Questionado sobre o estudo pedido à Força Aérea visando a compatibilização da utilização civil e militar na Base Aérea do Montijo, Azeredo Lopes adiantou que o relatório deverá ser entregue em "finais de abril".
Ainda sobre o curso de Comandos, após questionado pelo deputado do BE João Vasconcelos, o ministro afirmou que "não pode garantir" que não voltem a acontecer os factos que levaram à morte dos instruendos.
"Infelizmente não vivemos num mundo perfeito e podem ocorrer factos que devem isso sim determinar uma resposta normal das instituições. Quanto a poder garantir que os factos não voltem a ocorrer eu não posso garantir. Tenho é a obrigação de fazer tudo o que está ao alcance do Governo para que sejam criadas condições que evitem a ocorrência de tais factos", afirmou.
Azeredo Lopes rejeitou a posição defendida pelo deputado do PCP Jorge Machado, que sugeriu que o próximo curso só deveria começar após estarem concluídas todas as diligências a nível disciplinar.
Jorge Machado disse recear que se esteja perante uma situação em que "alguma coisa muda para que tudo fique na mesma".
"Não me parece avisado", respondeu o ministro, frisando que a avaliação técnica ao curso "está completada" e que a "avaliação disciplinar está praticamente completada".
"O principal apuramento das responsabilidades, com relevância jurídico criminal, faz antever que esta questão esteja resolvida dentro de anos", frisou Azeredo Lopes.
O deputado do PS Ascenso Simões advertiu que os Comandos são uma força especial e os militares, tal como as famílias, devem estar conscientes de que pode haver perdas de vidas no decorrer das missões.
Ascenso Simões defendeu que o nível de exigência nos cursos não deve baixar, sob pena de o país estar a "preparar Comandos `light´" numa "espécie de cursinhos".
"Não vai existir essa figura dos Comandos `light´ nem vai haver cursinhos", respondeu Azeredo Lopes, manifestando a "certeza absoluta" de que a exigência não vai baixar.
Para o ministro, a perda de vidas humanas pode acontecer mas não deve decorrer de falhas e omissões na preparação dos cursos.
Antes, Azeredo Lopes já tinha afirmado que o Exército garantiu que a exigência na preparação dos Comandos se mantém e que o objetivo da alteração do Referencial de curso foi "evitar erros e circunstâncias que não tem nada a ver com o nível de exigência".
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