Um porta-voz do Ministério do Interior de Hesse confirmou ao Frankfurter Allgemeine Zeitung que existem indicações de que um desses escritórios, alegadamente utilizados para exercer pressão sobre dissidentes, está localizado na cidade, segundo a agência espanhola EFE.
A polícia e os serviços regionais de informação estão agora a tentar confirmar a existência dessa esquadra e, se for o caso, quais as atividades em que está envolvida, acrescentou, sem dar mais pormenores.
Também na Irlanda foi registado um caso de uma "esquadra ilegal" chinesa, em Dublin. O departamento dos Negócios Estrangeiros irlandês ordenou formalmente o encerramento de uma esquadra deste tipo a operar no centro da capital, noticiou o The Irish Times.
Em resposta, a embaixada chinesa defendeu que a esquadra — aberta este ano com o nome de Fuzhou Police Overseas Service Station — apenas serve para prestar assistência administrativa a cidadãos chineses, como na renovação de cartas de condução.
Num relatório divulgado em setembro, a organização não-governamental (ONG) Safeguard Defenders acusou a China de manter meia centena de “centros de serviço policial” em vários países, incluindo Portugal, para perseguir dissidentes ou pessoas fugidas à justiça.
Através dessas “esquadras ilegais”, 230.000 chineses nessas condições terão sido persuadidos a regressar à China entre abril de 2021 e julho de 2022, segundo a ONG com sede em Madrid.
Na sequência das denúncias, foram confirmadas anteriormente investigações da justiça em Portugal, Países Baixos e Canadá.
“Confirma-se a existência de investigações, dirigidas pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal”, disse a Procuradoria-Geral da República (PGR) portuguesa na quinta-feira, numa resposta a uma pergunta da agência Lusa.
A China tem rejeitado as acusações e o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin, disse, na quarta-feira, que as estruturas “são, na verdade, centros de serviços para chineses no estrangeiro”.
Os centros em causa servem para apoiar “um elevado número de cidadãos chineses” que não conseguem regressar à China devido à pandemia de covid-19 na renovação de documentos, disse Wang, dando o exemplo acima mencionado das cartas de condução chinesas.
Wang acrescentou que as autoridades chinesas estão “totalmente comprometidas” com o combate aos crimes transnacionais de acordo com a lei, observando de forma rigorosa a lei internacional e respeitando plenamente a soberania judicial de outros países.
O relatório da Safeguard Defenders foi divulgado em Portugal pelo líder da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim Figueiredo, no final de setembro, durante um debate na Assembleia da República.
Na altura, Cotrim Figueiredo questionou o primeiro-ministro se sabia da existência de tais estruturas da polícia chinesa em Portugal, tendo António Costa respondido que desconhecia e sugerido ao líder da IL que informasse a PGR.
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