“Há uma significativa perturbação do fornecimento de gás”, disse a empresa em declarações à agência de notícias AP, nas quais confirmou que declarou “força maior” na segunda-feira devido ao impacto das inundações na sua operação de extração e exportação de gás natural liquefeito.
A energética portuguesa GALP foi das primeiras a avisar que a exportação de gás da Nigéria para Portugal estava a ser afetada, num montante que pode chegar aos 3,8% do fornecimento feito pelo maior produtor de gás na África subsaariana, de acordo com a consultora Rystad Energy.
A Nigeria LNG é detida maioritariamente pelo Governo nigeriano, e inclui também os gigantes energéticos Shell e Eni, tendo capacidade para produzir mais de 20 milhões de toneladas de gás natural liquefeito por ano, apesar de a produção não ultrapassar os 70% devido ao vandalismo e aos roubos que afetam os gasodutos no mais populoso país africano.
As inundações na Nigéria já mataram mais de 600 pessoas e obrigaram 1,3 milhões de pessoas a sair das suas casas, “agravando uma situação que já era má” para a companhia nacional de gás, comentou o consultor energético nigeriano Toyin Akinosho à AP.
O corte de fornecimento da NLNG é uma má notícia para a Europa, já que a Nigéria é responsável por 14% das importações de gás natural no continente, mas também para outros clientes na América do Norte, Médio Oriente e Ásia.
“A ‘força maior’ invocada pela empresa faz com que os mercados de gás natural liquefeito fiquem ainda mais apertados” antes do inverno, quando a procura é mais elevada, disse o analista nigeriano Olufola Wusu.
“O mais provável é que se não conseguirmos atender à procura local, dificilmente vamos ter suficiente gás para exportação, o que significa que alguns dos nossos clientes vão ser obrigados a comprar gás natural noutros fornecedores”, acrescentou.
Nos últimos 12 meses, a NLNG tem exportado cerca de 20 cargas por mês, das quais metade vai para a Europa, de acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, que aponta que o impacto no mercado tem sido limitado até agora.
A Europa enfrenta um momento de alívio na crise energética, com fluxos robustos de gás natural, inventários cheios e as previsões meteorológicas a apontarem para temperaturas moderadas: “De acordo com os níveis de inventário atuais, isto pode ter um impacto menos severo do que o inicialmente previsto, já que a recuperação de outros fornecedores pode compensar a menor produção da Nigéria”, disse o analista Michael Yip, da BloombergNEF.
A Nigeria LNG alertou a Galp para “uma redução substancial na produção e fornecimento de gás natural liquefeito” devido às chuvas e inundações registadas na África Ocidental e Central, que pode meter em risco o abastecimento em Portugal, segundo uma nota enviada pela empresa portuguesa à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários na noite de segunda-feira.
Naquela nota, a Galp dizia que ainda “não foi disponibilizada qualquer informação que suporte a avaliação dos potenciais impactos do evento, que poderão, no entanto, resultar em perturbações adicionais de abastecimento” à petrolífera portuguesa.
No seguimento dessa informação ao mercado, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática veio dizer que “não existe neste momento qualquer confirmação de redução nas entregas de gás da Nigéria”, afirmando ainda não haver “escassez no mercado”.
A tutela vincou que “qualquer informação alarmista é desadequada, ainda mais em tempos de incerteza global”.
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