Nas últimas eleições autárquicas, o PS (que também integrou independentes na lista) perdeu a maioria na Câmara de Lisboa, passando a contar com oito dos 17 vereadores. No mesmo sufrágio, o Bloco de Esquerda (BE) conseguiu eleger Ricardo Robles, com mais de 18 mil votos.
Já depois da tomada de posse, que decorreu a 26 de outubro, PS e BE assinavam um acordo que dava responsabilidades a Robles e a maioria que faltava a Fernando Medina.
Até então Ricardo Robles era deputado na Assembleia Municipal de Lisboa.
Apesar de ter participado em todas as campanhas autárquicas em Lisboa desde a fundação do BE (com nomes como Miguel Portas, José Sá Fernandes, Luís Fazenda e João Semedo), assumiu pela primeira vez o cargo de deputado municipal em 2009, em regime de rotatividade.
Foi eleito diretamente para a Assembleia Municipal de Lisboa pela primeira vez em 2013, ocupando o terceiro lugar na lista do partido.
Ricardo Robles assumiu a liderança da bancada do BE na Assembleia Municipal de Lisboa com a saída de Mariana Mortágua, que também chegou a ser apontada como possível candidata à presidência do município.
Durante a campanha para as últimas eleições autárquicas, o tema da habitação foi sempre uma aposta forte. O primeiro comício arrancou mesmo com o testemunho de moradores do centro histórico, ameaçados de despejo.
No programa eleitoral do BE para Lisboa, constavam sete medidas concretas para dar resposta aos problemas que a cidade enfrenta, entre os quais a disponibilização de "7.500 casas a preços acessíveis".
Neste âmbito, os bloquistas propunham também o aproveitamento de edifícios municipais que estejam desocupados, para serem disponibilizados à população.
Ao longo dos meses em que foi vereador, Ricardo Robles foi muito crítico da especulação imobiliária e da falta de soluções de habitação em Lisboa, chegando mesmo a marcar presença em alguns protestos relativos a esta questão.
Nas pastas que assumiu, teve um papel fundamental na gratuitidade dos manuais escolares para os alunos das escolas públicas do concelho e na constituição de salas de consumo assistido, previstas para o início do próximo ano.
Apesar do acordo com o PS, nem sempre o BE viabilizou propostas socialistas. O exemplo mais recente foi a alienação dos terrenos da antiga Feira Popular, em Entrecampos, na qual o vereador se absteve. Já a alteração aos estatutos da empresa municipal Lisboa Ocidental – SRU, votada no passado dia 20, mereceu o voto contra do BE.
Após a polémica que envolve um prédio - que adquiriu há quatro anos em Alfama por 347 mil euros, reabilitou e pôs à venda em 2017 avaliado em 5,7 milhões de euros – o engenheiro anunciou hoje que iria deixar a Câmara de Lisboa.
Quanto ao sucessor, ainda é uma incógnita. A lista apresentada às últimas autárquicas conta com nomes como Rita Silva (investigadora e dirigente do coletivo Habita), Manuel Grilo (professor), Timóteo Macedo (reformado), Maria Cabral (bibliotecária aposentada), Bruno Osório (coreógrafo), Manuel Lourenço (músico), Mariana Avelãs (tradutora), Ricardo Leal (investigador) ou Bruno Maia (médico).
Contactada pela agência Lusa, fonte oficial do partido remeteu mais esclarecimentos para depois da reunião da comissão política do BE, que vai decorrer hoje à noite, onde a questão deverá ser abordada.
Ricardo Amaral Robles nasceu a 20 de maio de 1977 (41 anos) em Almada.
É engenheiro civil, especializado nas áreas da reabilitação urbana e da eficiência energética.
Em 1997, participou na candidatura autárquica “Esquerdas Unidas por Lisboa” (coligação PSR/Política XXI), encabeçada por Francisco Louçã.
Mais tarde, em 2005, tornou-se coordenador da concelhia de Lisboa do BE.
Durante a vida académica, Ricardo Robles foi ativista estudantil contra a praxe e as propinas e chegou a ser dirigente da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico (nos anos de 1999 e 2000).
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