Ghazi Hamad confirmou, em declarações ao canal de televisão Al-Jazeera, que “algumas pessoas” estão a tentar negociar uma trégua nos combates, embora tenha defendido que isto não é do interesse do grupo palestiniano.

“Israel jogará a carta dos reféns e depois iniciará outra ronda de assassínios em massa e massacres contra o nosso povo”, alertou Hamad.

“Não participaremos neste jogo”, afirmou, embora tenha sublinhado que o grupo islamita “está disposto a negociar com todos”, uma vez alcançado o fim do conflito, e assumir “um grande compromisso” que inclua a libertação dos reféns israelitas e de palestinianos nas prisões de Israel.

Assim, destacou que a “visão” do Hamas “é muito clara” e reiterou que a prioridade é “travar a agressão”.

“O que está a acontecer no terreno é uma grande catástrofe”, disse Hamad, antes de denunciar a “destruição massiva” e os “assassínios em massa” cometidos pelo exército israelita.

Por outro lado, Hamad assegurou que o Hamas pediu “em muitas ocasiões” à Fatah (força palestiniana que está no poder na Cisjordânia) que se mantivesse em contacto para “a adoção de decisões em conjunto”, mas o Presidente da Autoridade Palestiniana (AP), Mahmoud Abbas, rejeitou esta possibilidade.

“O problema continua a ser o Presidente da Autoridade Palestiniana, que rejeita estes apelos do Hamas”, disse, antes de sublinhar que o grupo “está muito interessado em reunir-se com os irmãos da Fatah e de outras fações palestinianas”.

Neste sentido, Hamad defendeu que o objetivo seria “pensar em como lidar com a atual situação em Gaza, tanto no âmbito político como humanitário”, ao mesmo tempo que afirmou que os Estados Unidos “estão a tentar mudar a situação” no terreno.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou em diversas ocasiões que a Autoridade Palestiniana poderia assumir o comando político na Faixa de Gaza depois do fim da guerra e após Israel atingir os seus objetivos, que é “erradicar” o Hamas – que controla o enclave palestiniano desde 2007.

Desta forma, Hamad afirmou que, até agora, “não houve progressos” da Fatah para “se aproximar do Hamas”.

“Estamos abertos a sentar-nos com ele [Abbas], a conversar com todas as fações palestinianas, tendo como prioridade parar a agressão”, afirmou o alto dirigente do Hamas.

“Depois disso, poderemos pensar em como resolver a situação na Cisjordânia e em Gaza para reorganizar o lar palestiniano, ter um sistema político e uma autoridade palestiniana”, argumentou o Hamas, que expressou o seu “desejo” de que “os irmãos de Fatah” deem passos mais positivos nesta direção.

As declarações de Hamad surgem após o líder do Hamas, Ismail Haniya, ter viajado hoje para o Egito com o objetivo de discutir um possível acordo com Israel para uma trégua humanitária, que levaria à libertação dos reféns raptados durante os ataques do grupo islamita em 07 de setembro em Israel.

O Presidente de Israel, Isaac Herzog, havia afirmado horas antes que o país está preparado para uma nova trégua com o Hamas, como a acordada no final de novembro – que vigorou durante uma semana -, em declarações perante um grupo de embaixadores.

Segundo Herzog, a responsabilidade de alcançar acordos futuros recai sobre o grupo islamita palestiniano.