"Os Estados Unidos precisam que cada um de nós traga a nossa energia, os nossos talentos, as nossas ambições para que a nossa nação seja melhor e mais forte", declarou Hillary, no último dia da Convenção Nacional Democrata, que teve lugar no Wells Fargo Center, em Filadélfia.
No discurso, a ex-secretária de Estado criticou várias vezes o seu adversário republicano, Donald Trump. "Os EUA não são um país onde uma única pessoa tem todo o poder", alertou, alfinetando Trump por alegar que sozinho pode "consertar" o país.
Trump, afirmou a candidata democrata, quer que os americanos tenham medo do futuro para que fiquem cegos diante dos perigos do mundo contemporâneo. "Ele quer que tenhamos medo do futuro e que tenhamos medo uns dos outros", disse. "Não temos medo. Vamos crescer perante o desafio, como sempre fizemos". "Ele quer dividir-nos do resto do mundo e de cada um de nós", disse. "A América é grande, porque é boa", enalteceu, numa crítica ao pessimismo de Trump.
Hillary advertiu também que Trump "não tem o temperamento para ser comandante-em-chefe" nem pode ser considerado confiável para ter acesso aos códigos das armas nucleares. "Está no bolso do lobby das armas", acusou.
Num movimento bastante esperado, Hillary estendeu a mão aos eleitores de Bernie Sanders, senador democrata que foi o seu adversário nas primárias do partido, garantindo que ouviu os seus reptos, "uma causa comum". "Quero agradecer a Bernie Sanders... E dizer a todos os seus eleitores aqui e ao redor do país: quero que saibam que eu vos ouvi. A sua causa é a nossa causa. O nosso país precisa das suas ideias, da sua energia e da sua paixão", declarou no discurso de aceitação da indicação do Partido.
Aplaudida por todos várias vezes. Hillary afirmou que pretende governar "para os que têm de se esforçar, para os que progridem e para os que são bem-sucedidos. Para os que votaram em mim e para os que não. Para todos os americanos".
Em outro momento do discurso, Hillary defendeu a necessidade de uma reforma da política de imigração nos Estados Unidos, alegando que a iniciativa fará crescer a economia do país e deter as deportações "desumanas". "Acredito que temos milhões de imigrantes que trabalham duro e que contribuem para a nossa economia. Seria uma derrota e seria desumano expulsá-los", declarou em referência a proposta de Donald Trump.
Para Hillary, os americanos têm o direito de ficar furiosos com uma economia que "ainda" não está a funcionar para todos. "Ouvi isso de muitas pessoas que sentem que a economia certamente ainda não está a trabalhar para elas", reconheceu. "Alguns de vocês estão frustrados, mesmo furiosos. E, querem saber? Vocês estão certos. Ainda não está a funcionar como devia", afirmou.
In America, we’re always stronger together. https://t.co/7TJgiJiqzv
— Hillary Clinton (@HillaryClinton) July 29, 2016
"Estou aqui como uma americana orgulhosa, uma democrata orgulhosa, uma mãe orgulhosa, uma filha orgulhosa"
Ao apresentar a primeira mulher a ser indicada candidata à presidência dos Estados Unidos por um dos grandes partidos do país, a filha de Hillary, Chelsea Clinton, elogiou-lhe a delicadeza e as qualidades humanas referindo-se a uma "mãe maravilhosa, atenta e divertida". "Estou aqui como uma americana orgulhosa, uma democrata orgulhosa, uma mãe orgulhosa, uma filha orgulhosa", disse a filha única da candidata e do ex-presidente Bill Clinton no último dia da Convenção.
Evocando uma mãe atenta, Chelsea descreveu uma mulher cheia de vida com "sentido de justiça". "Ela nunca, nunca, se esquece pelo que está a lutar", disse a jovem, de 36 anos, sob o olhar atento, do pai, na bancada do Wells Fargo Center, cercado por uma multidão de quase cinco mil delegados do partido. "Sei, com todo meu coração, que ela nos fará sentir orgulhosos como presidente", concluiu Chelsea.
"Donald Trump: já leu alguma vez a Constituição dos Estados Unidos"?!
Num dos momentos mais emotivos do último dia da Convenção, o pai de um oficial muçulmano das forças americanas morto no Iraque acusou Trump de denegrir os patriotas muçulmanos enquanto "jamais se sacrificou" pelos EUA.
Khizr Khan - cujo filho Humayun morreu num atentado suicida em 2004 em Baquba - atacou o candidato republicano devido ao seu plano de proibir a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos. "Esta noite sinto-me honrado por estar aqui como pai do capitão Humayun Khan e como patriota americano muçulmano de absoluta lealtade ao país", disse comovendo os delegados que assistiram a um vídeo de homenagem ao seu filho.
"Donald Trump, você está a pedir aos americanos que lhe confiem o nosso futuro; mas eu pergunto: já leu alguma vez a Constituição dos Estados Unidos"?! "Eu empresto-lhe a minha cópia!" - desafiou Khan, exigindo que Trump procure a palavra "liberdade" e consulte a 14ª emenda, que garante que todos são iguais perante a lei. "Alguma vez esteve no cemitério de Arlington? Procure nos túmulos dos patriotas valentes que morreram defendendo os Estados Unidos da América e verá todas as crenças, géneros e etnias".
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