Num comunicado conjunto, o Ministério Público holandês e a polícia informaram que, dada a prova encontrada e a natureza do ataque, estão a encarar a possibilidade de ter sido o atentado terrorista, adiantando, contudo, que continuam a explorar outras possibilidades de motivo.

"Neste momento, a motivação terrorista está a ser levada em conta seriamente", aponta o comunicado do MP e da polícia local, que interpelou um total de três suspeitos, escreve a Associated Press.

Sem revelar os conteúdos da carta, os responsáveis disseram também não ter encontrado quaisquer vínculos entre o suspeito, Gokmen Tanis, e as vítimas do tiroteio sobre um elétrico, que deixou três mortos e sete feridos, segundo o balanço mais recente.

Na véspera, as autoridades holandesas afirmaram que provavelmente o ataque teve uma motivação terrorista, mas que "não podiam descartar" outros motivos, como uma disputa familiar. Alguns dos vizinhos de Tanis, tinham sugerido aos media holandeses que o motivo para o atentado poderia estar relacionado com uma relação amorosa.

Já ontem, o primeiro-ministro holandês Mark Rutte tinha afirmado que não poderia excluir o caso de haver motivação terrorista. "Há muitas perguntas e boatos", declarou durante uma conferência de imprensa em Haia. "Qual foi a razão, terrorista ou outra, ainda não sabemos, mas não podemos excluir nada", acrescentou.

Gokmen Tanis, de cidadão de origem turca com 37 anos, foi preso ontem após uma caça ao homem que durou oito horas e paralisou a quarta maior cidade da Holanda. Uma arma de fogo foi apreendida durante a sua detenção, informaram os investigadores.

Além do principal suspeito, dois outros homens, de 23 e 27 anos, estão sob custódia após a sua prisão na noite anterior. Nenhum detalhe foi dado sobre o grau de envolvimento dos detidos.

Segundo a lei holandesa, Tanis terá de ser apresentado perante um juiz até quinta-feira.

As três vítimas mortais já foram identificadas. Uma era uma mulher de 19 anos residente na localidade vizinha de Vianen e que trabalhava num café. As outras duas eram dois homens, com 28 e 49, que viviam em Utrecht, um deles sendo treinador de futebol de um clube local e pai de duas crianças.

Dos sete feridos, três sofreram ferimentos graves e os outros quatro ferimentos ligeiros, segundo os investigadores.

No início desta manhã, o presidente da câmara e os moradores desta cidade de cerca de 350.000 habitantes foram depositar flores no local da tragédia em homenagem às vítimas. "Estou aqui para homenagear as vítimas e apoiar os seus entes queridos", disse Yvette Koetjeloozekoot, de 29 anos, moradora do bairro.

Comportamento instável

Após a tragédia, os elétricos voltaram a circular após a interrupção do serviço, o tempo para que a polícia concluísse o seu trabalho na cena do crime, um local muito movimentado do centro da cidade.

Enquanto as bandeiras estavam a meia haste em muitos edifícios do país, Mark Rutte presidiu uma reunião de gabinete sobre o ataque, que suscita temores de segurança pública na véspera de importantes eleições regionais na Holanda.

Na segunda-feira o nível de ameaça terrorista foi elevado a cinco em Utrecht (o nível mais alto), na sequência do ataque, tendo sido posteriormente diminuído após a prisão de Gokmen Tanis.

Tanis já era conhecido pela justiça holandesa, tendo sido detido várias vezes, apesar das autoridades não revelaram pormenores. No entanto, de acordo com a rede pública de rádio e televisão holandesa NOS, o turco compareceu há duas semanas perante um tribunal por um caso de violação e o seu comportamento instável vinha a ser sinalizado desde a separação com a sua esposa há dois anos.

Testemunhas do ataque no elétrico relataram que o atirador tinha como alvo uma mulher e as pessoas que tentavam ajudá-la, mas a hipótese de crime passional perdeu fulgor quando as autoridades descobriram que Tanis não tinha ligação a qualquer uma das vítimas.

Contudo, Mahmut Tanis, um tio seu a viver na Holanda, disse à agência turca Anadolu - citada pela Reuters - que duvidava de motivos radicais. "Olhando para a vida do meu sobrinho, a possibilidade de ter cometido um ataque de terror é baixa", disse, e, mesmo admitindo que não o via há vários anos, disse que as suas ações devem ter sido provenientes de "assuntos do coração".

*com agências

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