O tribunal condenou o homem pela prática dos crimes de homicídio qualificado (19 anos), violência doméstica (dois anos e três meses) e profanação de cadáver (um ano e oito meses).

O arguido encontra-se em prisão preventiva desde 04 de outubro de 2019.

Segundo a acusação, a que a agência Lusa teve acesso, o homem era suspeito de ter matado a prima, como quem mantinha uma relação amorosa - munido de uma faca. Dissimulou querer abraçá-la e desferiu-lhe uma facada que acabou por lhe provocar a morte.

Depois, adquiriu uma mala de viagem, que usou para colocar o corpo, e abandonou-a, tendo esta sido encontrada mais tarde por um popular, que alertou as autoridades.

Esta tarde durante a leitura do acórdão, que decorreu no Tribunal de Loures, a juiz presidente do coletivo destacou o comportamento “frio” e “agressivo” do arguido, que “nunca mostrou qualquer sentimento de arrependimento” pelos crimes cometidos.

“Agiu com dolo, com enorme frieza e sem sensibilidade. A vítima esteve algum tempo em agonia e em sofrimento e percebeu que ia perder a vida”, afirmou a magistrada.

No final da sessão, o advogado do arguido não quis prestar declarações aos jornalistas, desconhecendo-se se irá existir um recurso da decisão para o Tribunal da Relação.

O arguido e a vítima, estrangeiros, chegaram a Portugal em agosto de 2019 e residiam juntos em casa de amigos no concelho de Arruda dos Vinhos, no distrito de Lisboa.

Segundo a acusação, que o Tribunal viria a dar como provada, o homem começou a evidenciar consumo excessivo de álcool e uma "postura agressiva e controladora pautada por intensos ciúmes" da companheira, motivo pelo qual as discussões começaram a ser constantes.

Além dos ciúmes, o homem acusava a vítima de não trabalhar o suficiente para pagar o empréstimo que tinha contraído para poder vir para Portugal.

A vítima andava "transtornada e a chorar" e chegou a confidenciar a uma amiga que "temia separar-se" dele, por a ter ameaçado de morte e ter dito que "mandaria fazer mal aos seus familiares".

Em 04 de setembro, a mulher pediu ajuda a uma amiga, que a acolheu na sua casa, alegando ter sido agredida pelo companheiro e que este lhe teria retido o passaporte.

Nesse dia, o arguido dirigiu-se à residência e, aproveitando a porta estar aberta, forçou a vítima a ir consigo, "puxando-a pelos braços" e "desferindo-lhe pancadas no rosto e nas costas". As duas mulheres acabaram por conseguir fechar a porta de casa deixando-o no exterior.

Contudo, o casal reconciliou-se e voltou a residir junto. Em 02 de outubro, numa nova discussão, a mulher manifestou a intenção de acabar com o relacionamento.

Terá sido nessa altura que o arguido concretizou o homicídio.