De acordo com a acusação a que a agência Lusa teve acesso, o homem, divorciado, tinha a seu cargo um rapaz e uma rapariga, de 11 e 13 anos, respetivamente, e elaborou um plano para pôr termo à sua vida e dos seus filhos, que terá tentado concretizar em 13 de junho de 2017.

Depois de ter ingerido várias bebidas alcoólicas nesse dia, pelas 21:00, o arguido terá colocado os filhos no banco traseiro do seu carro e conduziu até um posto de abastecimento onde depositou cerca de 1,5 litros de gasolina num jerricã, tendo ido, de seguida, para o Castelo da Senhora da Piedade, na Lousã.

Nesse local, abriu a bagageira, retirou o jerricã e terá derramado gasolina no carro, ateando o fogo ao veículo com os filhos ainda no interior, refere a acusação, alegando que o arguido permaneceu no exterior da viatura a observar as chamas a consumirem o carro.

Ao ver as chamas, a filha mais velha do arguido terá aberto a porta traseira do lado direito, saiu e dirigiu-se imediatamente à outra porta, do lado onde se encontrava o irmão, que tem limitações físicas e cognitivas e que tinha o trinco de segurança para crianças ativo, tendo-o retirado da viatura.

O veículo acabou por ser totalmente destruído pelo fogo e foi determinada uma taxa de álcool no sangue de 2,35 g/L do homem, conta o Ministério Público, que acusa o pai de dois crimes de homicídio qualificado na forma tentada, pedido ainda como pena acessória a declaração de indignidade sucessória do arguido em relação aos filhos.

Segundo informações do processo que a agência Lusa consultou, o arguido tinha visto os filhos serem-lhe retirados em 2008, sendo que, após divorciar-se da mulher, conquistou a guarda dos filhos em 2010. Na altura do crime, tinha terminado o Programa Ocupacional de Emprego (POC) na Câmara de Lousã.

O julgamento deve iniciar-se às 09:30.