A direção clínica do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, deu esta manhã uma conferência de imprensa a explicar o caso da mulher grávida que deu entrada na urgência por dificuldade respiratória e que acabou por morrer durante a transferência para outra unidade hospitalar da capital. Na transferência entre os dois hospitais, "ocorreu uma paragem cardiorrespiratória durante a viagem, tendo-se realizado reanimação cardiorrespiratória no transporte", sem sucesso.
Na conferência de imprensa, Luís Pinheiro, diretor clínico do Hospital de Santa Maria começa por tecer uma nota de pesar pelo falecimento da senhora grávida que foi transferida para outra unidade de saúde e deu a palavra à Dra. Luísa Pinto, diretora de Obstetrícia que continuou dizendo se tratar de "uma situação que pesa muito para todos os médicos. No que diz respeito à transferência, tratava-se de uma grávida de 34 anos, com 31 semanas de gravidez e de nacionalidade indiana. Não conhecíamos o historial clínico da senhora que não falava, Português nem Inglês. A grávida entrou com falta de ar e foi estabilizada ao fim de algumas horas do dia 23".
"Dada essa estabilidade clínica e estar demonstrado que é preferível o bebé nascer no local onde vai ser acompanhado, foi decidido transferir a paciente para essa unidade, pois é preferível que seja feito antes do nascimento. É um procedimento que acontece em todos os hospitais do mundo. Estando a senhora estável decidiu-se a transferência. Foi acompanhada por um médico e duas enfermeiras, mas no transporte a grávida entrou em paragem cardíaca. Tentaram-se todas as manobras possíveis para salvar a paciente. O bebé recém-nascido está bem, mas infelizmente, a situação teve o desfecho inesperado que teve", lamentou a obstetra.
A mulher de 34 anos foi submetida a uma cesariana urgente, tendo o recém-nascido 772g, que foi para a unidade de cuidados intensivos neonatais por prematuridade, no S. Francisco Xavier. No entanto, após ser internada nos cuidados intensivos, a mãe veio a falecer.
Por seu lado, André Graça, diretor de Neonatologia, referiu que "o bebé encontra-se bem, mas de facto, a necessidade de transferência in útero é evitar que os bebés nasçam num determinado local e depois sejam transferidos em ambulância para outro, apesar de algumas condições de segurança que atualmente possa ter, é complicado transferir um recém-nascido porque pode causar hemorragias que o prejudicam para a vida", disse o especialista.
"Temos de fazer esta gestão diariamente, tentamos encontrar o melhor local para o bebé ser tratado quando não temos vaga. Avaliamos todos os riscos, os recursos são limitados, não tínhamos vaga e fizemos o que foi recomendado. Procurar vaga para a mãe e para o recém-nascido. O S. Francisco tinha vaga, então decidimos transferir a grávida para lá", declara André Graça.
"Temos de enquadrar um acontecimento trágico em muitos outros que não são notícia, mas que levam a excelentes resultados neonatais e perinatais no nosso país", concluiu.
A diretora enfermeira, Ana Paula Fernandes, também lamentou o "acontecimento infeliz", dizendo que "foi feito tudo o que foi possível e que é preciso reforçar o esforço dos profissionais de Saúde" e Luís Pinheiro, interveio novamente para frisar que a conferência de imprensa "não serve para justificar qualquer evento mediático-político", descartando a associação do caso com a demissão da ministra da Saúde, Marta Temido.
(Notícia atualizada às 10H58)
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