"Comparativamente com 2016, temos hoje mais cerca de 40 assistentes operacionais, contratámos uma empresa especializada para os serviços de higiene e limpeza, trabalho que foi subtraído a esses colaboradores, e temos mais umas dezenas de enfermeiros, pelo que devo dizer que nunca houve tantos recursos humanos como os que temos hoje", disse à agência Lusa o presidente do Conselho de Administração (CA) do Hospital de Santarém, José Josué.

Trabalhadores do Hospital de Santarém realizaram hoje um plenário à porta desta unidade de saúde para chamar a atenção para a "grave falta de assistentes operacionais" que, segundo fonte sindical, está a obrigar a "trabalho sem descanso"

Luís Pesca, do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPSSRA), disse à Lusa que, só no Hospital de Santarém, faltam uma centena de técnicos auxiliares de saúde, o que está a obrigar trabalhadores a fazerem turnos seguidos, sem as 12 horas de intervalo como obriga a lei, e "sem folgar aos sábados e aos domingos".

José Josué reiterou à Lusa "nunca ter tido tantos trabalhadores", um reforço efetivado "desde o início deste ano com dezenas de contratações", tendo feito notar que o "absentismo tem peso na organização" dos serviços.

"O trabalho no hospital não para e, se existirem turnos seguidos e alguém faltar sem avisar, pode gerar sobrecarga e turnos continuados. Mas isso pode suceder pontualmente, se um colega faltar sem aviso, sendo que a questão do absentismo tem peso na organização", afirmou.

Por seu lado, Luís Pesca disse que a realização de turnos duplos deixou de ser uma situação pontual - por exemplo para cobrir a falta de um colega que por algum imprevisto não se podia apresentar ao trabalho - para passar a constar do próprio escalonamento, o que é "manifestamente ilegal".

Além de Santarém, o sindicato vai realizar também um plenário na quinta-feira à tarde em frente à unidade de Abrantes do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), onde, segundo o representante dos trabalhadores, a situação "é ainda mais caótica, mais gravosa".

"Há cada vez menos trabalhadores nas enfermarias. Aos fins de semana há enfermarias que passam de quatro auxiliares para um", disse, acrescentando que houve um dia do mês de outubro em que as Urgências do Hospital de Abrantes tiveram apenas dois auxiliares para 50 utentes.

Contactado pela Lusa, fonte oficial do CA do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), que abarca os hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas, disse "não ter conhecimento" de nenhuma ação de vigília na quinta-feira em frente à unidade hospitalar de Abrantes.

"Não temos comentários a prestar sobre uma vigília da qual não fomos informados. Se a contestação se efetivar, ou até que nos chegarem reclamações, não temos o que esclarecer porque não fomos informados nem recebemos pedidos de esclarecimento", referiu a mesma fonte.

Além da contratação e dos "horários de trabalho dignos", os trabalhadores reclamam ainda a reposição das 35 horas semanais de trabalho e a criação da carreira de técnico auxiliar de saúde.

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