A presidente do Conselho de Administração do Hospital Distrital de Santarém (HDS), Ana Infante, disse à Lusa que, quando tomou posse, em julho deste ano, se deparou “com um cenário que, a não serem encontradas soluções alternativas quanto a meios humanos suficientes, a suspensão da Unidade de Coronárias em alguns períodos deste trimestre teria de ser uma realidade”.

Assegurando que, “em situação alguma”, está “comprometido o tratamento de doentes cardíacos”, Ana Infante afirmou que o encerramento, este mês, da Unidade Coronária do Serviço de Cardiologia do HDS se deveu à saída de “mais um cardiologista” e à entrega, por outro, do requerimento para suspender a prestação no serviço de urgência (por ter mais de 55 anos, de acordo com a legislação).

A equipa ficou, assim, reduzida “a dois cardiologistas com tempo completo (40 horas), cinco com meio-tempo e cinco internos de especialidade (que não são autónomos para realizar o Serviço de Urgência)".

"Destes, apenas cinco se mantêm a fazer Urgência e, por isso, a garantir a Unidade de Coronárias aberta 24 horas/dia”, afirma a administradora do HDS, na resposta às questões colocadas pela Lusa.

Além da contração urgente de médicos cardiologistas, processo que decorre com o apoio da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), o hospital conta “igualmente com o apoio dos cardiologistas da região que, apesar de afastados do HDS, mantêm atividade e que poderão, caso decidam ajudar a população escalabitana, a constituir-se como um recurso essencial ao HDS nesta fase de grande dificuldade”, acrescenta.

Ana Infante sublinha que o Serviço de Cardiologia do HDS “foi uma referência regional durante muitos anos”, estando a atual administração empenhada que continue a ser, “apesar de todos os constrangimentos existentes”.

Segundo a presidente do Conselho de Administração do HDS, foi já iniciado “um projeto que passa por uma nova Direção de Serviço, identificação de prioridades e recrutamento dos meios humanos necessários”.

Assim, estão a ser identificadas as áreas “que podem aumentar a sua projeção”, como o Laboratório de Pacing ou o Laboratório de Ecocardiograma, as que “têm o investimento em material, necessitando apenas de ser organizadas”, como é o caso do Laboratório de Reabilitação Cardíaca, “e outras que serão alvo de projeto e investimento e desenvolvimento”, nomeadamente, a Imagiologia Cardiológica (AngioTAC e RM Cardíaca) e o Laboratório de Eletrofisiologia.

Ana Infante afirma que a Unidade de Coronária (unidade de cuidados intermédios cardíacos) foi instalada no HDS, juntamente com uma Urgência 24 horas por dia, “indo mais além das diretivas da Direção-Geral de Saúde quanto à Rede de Referenciação de Cardiologia de 2015, para as instituições de nível I com necessidades assistenciais superiores a 85.000 habitantes”.

Lembra ainda que, tendo em conta os recursos humanos disponíveis e a população abrangida, o HDS articula com o Centro de Hemodinâmica de referência, o Hospital de Santa Marta.

Assegurando que o tratamento dos doentes cardíacos não está “em situação alguma comprometido”, a administradora do HDS sublinha que, além dos cardiologistas de urgência, estão a funcionar, articulados entre si, a Unidade de Cuidados Intensivos, a Unidade de Cuidados Intermédios da Urgência e a Urgência de Medicina, “sendo, sempre que se justifica e à semelhança da prática habitual, transferidos os doentes para o Hospital de Santa Marta para procedimentos invasivos”.

A situação da Unidade Coronária do HDS foi levantada pela deputada do CDS-PP eleita por Santarém, Patrícia Fonseca, depois de uma reunião com a nova administração do hospital, e foi alvo de vários requerimentos de partidos com assento parlamentar para esclarecimento por parte do Ministério da Saúde.