O presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas, disse à agência Lusa que o Reino Unido tomou uma decisão “assente em critérios pouco objetivos” ao incluir Portugal na lista e deixar de fora outros países onde a situação epidemiológica devido à pandemia da covid-19 é mais intensa do que no Algarve ou em Portugal.
Elidérico Viegas deu o exemplo da Grécia, da Itália ou da Espanha, que foram considerados países “verdes” e incluídos no corredor aéreo com o Reino Unido que isenta de quarentena de 14 dias quando no regresso desses destinos, apesar de terem registado número de infetados “muito distantes” dos verificados no Algarve e em Portugal.
“O impacto é enorme não só para o turismo, como para a riqueza da região e do próprio país”, estimou o presidente da principal associação hoteleira do Algarve, lembrando que o Reino Unido representa para a região “6.400.000 dormidas por ano, um terço dos turistas e das dormidas” e “quase 50% dos passageiros que desembarcam no aeroporto” de Faro.
Elidérico Viegas apontou ainda os “2,2 milhões de turistas britânicos que vêm para o Algarve todos os anos” e considerou que “não vai ser a mesma coisa” com estas restrições, mesmo que haja britânicos que possam “eventualmente vir para o Algarve, quer diretamente ou através de outros países”.
“Estamos aqui perante uma situação que acarreta graves prejuízos para a economia da região e sobretudo às empresas hoteleiras e turísticas”, antecipou o presidente da AHETA, que espera dos “mais altos responsáveis da nação” o “desenvolvimento de esforços diplomáticos e outros para revogar a decisão” de impor quarentena aos britânicos que regressem ao seu país vindos de Portugal.
A medida deve “ser revogada tanto pelo interesse do Algarve, como dos turistas britânicos que querem vir para a região”, argumentou ainda Elidérico Viegas.
O presidente do Turismo do Algarve também considerou hoje que Portugal foi “penalizado por falar a verdade” relativamente aos novos casos de covid-19, um dos critérios que levou à exclusão do país de um corredor aéreo com o Reino Unido.
“Fomos penalizados, claramente, por falarmos verdade. Quando comparamos o número de testes por 100 mil habitantes dos diferentes países percebemos que há países que foram privilegiados nesta nova condição que testam três, quatro vezes menos do que Portugal”, afirmou João Fernandes.
Portugal, onde foram identificados vários surtos localizados nas últimas semanas, não está na lista hoje publicada de 59 países e territórios onde os britânicos podem passar férias sem cumprir quarentena no regresso e que inclui Espanha, Alemanha, Grécia, Itália, Macau ou Jamaica.
O sistema vai entrar em vigor na próxima sexta-feira, 10 de julho, e permite evitar que quem chegue destes países tenha de ficar 14 dias em isolamento, como acontece atualmente com todas as pessoas que chegam a Inglaterra do estrangeiro, ou arriscam uma multa de mil libras (1.100 euros).
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