Moradores da bacia do rio Puelo, na região de Los Lagos, relataram ter observado espécimes de huemul nos últimos meses, um facto que até agora só parecia um mito, já que a sua presença no local nunca tinha sido confirmada por imagens.

Alertadas por estes relatos, as ONGs Corporación Puelo Patagonia e Tompkins Conservation, juntamente com a National Geographic Society, organizaram uma primeira expedição em setembro do ano passado, tendo instalado câmaras que vieram a revelar a descoberta surpreendente.

"Nesta zona nunca se tinha falado da presença do huemul, inclusive as autoridades punham em dúvida a sua existência. É muito relevante ter imagens e poder divulgá-las", disse à AFP Cristián Saucedo, administrador do Programa de Vida Silvestre da Tompkins Conservation, a organização criada pelo bilionário americano Douglas Tompkins.

Após quatro expedições, a última delas em abril, as câmaras obtiveram imagens de diferentes animais adultos, machos, fêmeas e de filhotes a serem amamentados, "uma descoberta muito importante, sobretudo considerando que é uma espécie em perigo extremo", afirmou Andrés Diez, coordenador de projetos da Puelo Patagonia.

O huemul vive nas montanhas, a uma altitude entre 1.600 e 1.800 metros, uma zona que não é a ideal para a sua sobrevivência. Esta descoberta surpreendeu os especialistas, pois significa que conseguiram adaptar-se a este lugar onde há escassez da erva com que se alimentam, sobretudo no inverno, quando se devem mover para zonas mais baixas.

Atualmente, o huemul (Hippocamelus bisulcus) encontra-se principalmente na cordilheira dos Andes, em regiões do centro do Chile. Mas também foram encontrados exemplares em zonas inóspitas da região de Magallanes (2.200 km a sul de Santiago).

O avistamento dá esperanças aos cientistas, que a partir desta descoberta esperam propor estratégias para a sua conservação nesta zona.

*Por Miguel Sanchez/AFP