A organização de direitos humanos revelou ter documentado 16 casos em que as autoridades Houthis, apoiadas pelo Irão, prenderam pessoas ilegalmente, principalmente “para extrair dinheiro de familiares ou para os trocar por outros que se encontram “nas mãos dos seus adversários”.
“As autoridades Houthis trataram os presos brutalmente”, batendo-lhes com barras de ferro, canas de madeira e armas de assalto, uma prática “quase sempre equivalente a tortura”, diz a HRW, que cita ex-prisioneiros.
Também houve ameaças de violação de detidos ou a membros das suas famílias por autoridades Houthis que tentavam obter informações ou confissões, acrescentou a organização.
O movimento rebelde deve parar de fazer reféns, deve libertar pessoas arbitrariamente detidas, acabar com a tortura e punir os responsáveis, defende a HRW, lembrando que estamos perante “um crime de guerra”.
A organização aproveitou para pedir ao Conselho de Direitos Humanos da ONU que renove o mandato de um grupo de especialistas no Iémen para investigar os abusos cometidos por todas as partes em conflito.
Os Houthis, da minoria zaidita (uma dissidência do xiismo) muito presente no norte do Iémen, entraram na capital Sanaa há quatro anos com a cumplicidade de unidades militares fiéis a um antigo Presidente.
Combatentes experientes, que acreditam estarem a ser marginalizados pelo Governo central, conquistaram vastas áreas do norte e oeste, levando à intervenção em 2015 de uma coligação militar sob comando saudita que tem procurado restaurar o Governo internacionalmente reconhecido.
No início de setembro, as negociações de paz sobre a guerra no Iémen, sob a égide da ONU, fracassaram. Estas seriam as primeiras desde o insucesso, em 2016, de um longo processo de paz destinado a terminar com um conflito que arrastou o Iémen para a pior crise humanitária do mundo.
As duas partes continuam a insistir nas suas posições. A coligação militar dirigida pelos sauditas e os seus protegidos iemenitas exigem o respeito pela resolução 2216 do Conselho de Segurança da ONU que reconhece “a legitimidade” do presidente Abd Rabbo Mansour Hadi e exigem a retirada dos Houthis dos territórios que conquistaram, bem como a entrega das armas pesadas.
Os Houthis pedem, por sua vez, o “fim da agressão” da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos antes de qualquer concessão.
A guerra matou cerca de dez mil pessoas, a maioria civis, e causou mais de 56.000 feridos. Três em quatro iemenitas estão totalmente dependentes da ajuda, segundo a ONU.
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